O uso de peptídeos de defesa de anuros no enfrentamento à COVID-19

Você sabia que o veneno de sapos, rãs e pererecas pode matar patógenos como fungos, bactérias e até mesmo vírus? A professora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB Mariana de Souza Castro dedica a carreira acadêmica ao estudo dos peptídeos antimicrobianos presentes nos mecanismos de defesa de anfíbios, mais especificamente, dos anuros. Com a corrida da ciência por um tratamento contra a Covid-19, ela decidiu testar o próprio trabalho contra a pandemia.

“Anteriormente, desenvolvemos alguns trabalhos para avaliar os efeitos desses peptídeos e seus derivados sobre vírus como zika, dengue e chikungunya: um deles exibiu um efeito interessante sobre alguns desses patógenos. Decidimos dar continuidade ao estudo, propor derivados desse peptídeo e testar esse novo leque de possibilidades contra o Sars-CoV-2”, explica.

A ideia da pesquisa “O uso de peptídeos de defesa de anuros no enfrentamento à Covid-19” é ajudar a combater a pandemia e, a médio prazo, desenvolver um tratamento efetivo contra a doença: o Sars-CoV-2 ainda vai ficar conosco por muito tempo e alternativas terapêuticas serão necessárias. 

“Os peptídeos antimicrobianos de anuros têm uma grande diversidade de efeitos. Eles são multifuncionais: não apenas agem sobre bactérias, fungos e protozoários, mas também sobre vírus”, comenta a professora.

A equipe da professora Mariana criou 10 derivados do peptídeo que foi bem-sucedido no combate a outros vírus e hoje trabalha junto a pesquisadores da USP para testar a efetividade desses compostos contra o vírus que causa a Covid-19 – na UnB, o projeto tem o apoio da Finatec e da FAP-DF. 

“A contribuição da Finatec está relacionada, principalmente, às compras e ao gerenciamento da etapa de aquisição de insumos. É uma parceria interessante, porque tira esse ônus do pesquisador, permitindo que ele se dedique exclusivamente às atividades de pesquisa”, avalia.

Diversidade genômica de coronavírus associada à indução de memória imunológica de curta e média duração: Uma estratégia para a produção de vacinas eficientes e de amplo espectro

Você já parou para pensar se a variedade do Sars-CoV-2 que circula na Índia é a mesma que encontramos por aqui no Brasil? Ou ainda: será que a variedade que se prolifera hoje no Distrito Federal é a mesma que atinge a população de Santa Catarina? E se as diferenças genéticas entre populações de países, estados e municípios forem afetadas de maneiras diferentes pela Covid-19? Como isso influencia na criação de uma vacina?

Essas são as perguntas que inquietaram, no início da pandemia do novo coronavírus, os professores Renato Resende e Anamélia Lorenzetti, do Departamento de Biologia Celular da UnB. “Há dados da literatura mostrando pacientes que não estão desenvolvendo uma resposta imunológica de longa duração. Nossa principal pergunta foi: o que está acontecendo com esses pacientes que não estão conseguindo desenvolver memória imunológica de forma satisfatória?”, lembra a professora.

A dupla de pesquisadores trabalha com duas hipóteses: ou o sistema imune dos pacientes não está sendo ativado adequadamente, ou há algo na estrutura do vírus que não permite uma resposta robusta. Os dois ainda querem descobrir se as diversas populações em regiões brasileiras têm reações diferentes à doença.

Assim nasceu a pesquisa “Diversidade genômica de coronavírus associada à indução de memória imunológica de curta e média duração: Uma estratégia para a produção de vacinas eficientes e de amplo espectro”, que teve início em agosto de 2020 e conta com a gestão da Finatec.

“A gente propôs um projeto que tem dois objetivos principais: um é você fazer a genotipagem dos vírus que estão circulantes no DF, tentando correlacionar a área em que ele está se desenvolvendo, onde ele foi coletado. Em um segundo momento, o Fernando vai pegar esses vírus e vai correlacionar com os vírus que estão circulantes no Brasil”, explica Anamélia.

Os pesquisadores estão coletando o vírus em diferentes áreas do DF, com a intenção de realizar um sequenciamento genético e descobrir as diferenças entre cada variedade. Depois, eles vão sintetizar as proteínas das áreas que sofreram mutação e as proteínas de áreas comuns às variedades do vírus. 

A ideia é estimular pacientes que já tiveram alta médica com esse material e estudar as respostas imunológicas. “Queremos ver se é isso que está diferenciando a resposta imune. Vamos fazer essa avaliação até um mês após a alta clínica, ou seja, uma resposta muito recente. Um ano depois, vamos colher o sangue deles de novo e comparar as respostas imunes, para ver se elas se mantém ou se decaem”, explica a pesquisadora.

Ao final, a ideia é diferenciar as respostas a cada proteína e selecionar um possível candidato a vacina, ou um imunoestimulador para auxiliar no tratamento dos pacientes. “Essa doença vai ficar conosco por um bom tempo. Vamos precisar de todos esses conhecimentos que estão sendo gerados agora”, garante.

Segundo a professora, ter o apoio de uma instituição como a Finatec é preponderante para o bom andamento de projetos de pesquisa como esse.  “A vantagem dessa parceria é que a gente tem toda uma estrutura da instituição para nos apoiar com compras, com prestação de contas ao final. Tudo isso é importante para o pesquisador, se não a gente mesmo tem que fazer”, elogia.

Lift Learning Programa Distrital de Fomento a Startups Financeiras (Fintechs) no contexto da luta contra o SARS- Covid-19 – FAPDF/COVID-19

Docente da Faculdade de Direito da UnB, o professor Ricardo Paixão enxergou no Distrito Federal uma vocação para a cultura de startups financeiras. Com a chegada da Covid-19 à região, ele elaborou um projeto de fomento ao ecossistema de fintechs que, a médio prazo, servirá para colaborar no combate aos efeitos econômicos da pandemia em Brasília e região.

“O projeto nasceu de uma política pública do Banco Central, um programa de fomento a ecossistemas de fintechs que consiste em parear grupos de estudantes e recém-formados com projetos de empresas do setor financeiro, fintechs, bancos, que estejam alinhadas à agenda de desenvolvimento do BC, ao eixo de competitividade. Atualmente, são projetos relacionados a PIX e open banking”, explica o professor.

Por ecossistema de fintechs, o professor se refere a um conjunto com mão de obra especializada, empresas intermediárias e o desenvolvimento de projetos econômicos. “A premissa foi de que o Distrito Federal tem um bom potencial para isso porque está em uma posição relativamente privilegiada, você tem vários bancos grandes cuja sede é no Distrito Federal, além do fato de o próprio regulador financeiro, que é o Banco Central, estar aqui também”, comenta Paixão.

Iniciado em junho de 2020, o projeto levou seis meses para ser concluído e resultou em quatro sistemas complexos que interagem com empresas e com o BC. O professor não pretende parar por aí: a ideia é repetir o programa anualmente, para efetivamente fomentar a cultura de startups financeiras na região.

“O papel que um programa como esse tem é o de fomentar isso na base, nos alunos universitários. Espera-se que isso adquira um movimento, um feedback positivo e passe a gerar aumento de renda e trazer maior desenvolvimento econômico ao Distrito Federal”, planeja o professor.

Contando com o suporte da Finatec, o projeto é, segundo as palavras do próprio professor, anômalo no universo de ideias apoiadas pela Fundação: trata-se de uma iniciativa cujo financiamento é voltado exclusivamente para bolsas de estudo. 

“Não tem viagens, não tem equipamento, é focado na formação de mão de obra. Portanto, 100% da verba do projeto é voltada para bolsas. A Finatec fez toda a gestão financeira, coisa que eu acho excelente. Imagina eu como coordenador, tocando vários projetos simultaneamente, um projeto com 60 bolsistas. Se eu tivesse que lidar com quem está recebendo o quê, quando, seria quase impossível. Então, é excelente esse papel que a Finatec está assumindo, sou muito grato”, elogiou.

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Desenvolvimento de método para recuperação e detecção de SARS-CoV-2 em matrizes aquáticas para fins de monitoramento ambiental

O que a análise do esgoto tem a ver com a vigilância epidemiológica da Covid-19? A pesquisa “Desenvolvimento de método para recuperação e detecção de SARS-CoV-2 em matrizes aquáticas para fins de monitoramento ambiental”, coordenada pela professora Thais Lamounier, busca mostrar que essa relação é possível. 

“Pretendemos fazer um levantamento pelas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de Brasília para ver se detectamos o vírus. Não é diagnóstico, é uma vigilância epidemiológica nas 15 estações do DF”, explica a docente do curso de Farmácia da UnB. A ideia é mostrar quais regiões da capital federal estão sendo mais afetadas pela pandemia – um georreferenciamento do vírus em Brasília.

A pesquisa nasceu graças ao conhecimento que estudantes de mestrado acumularam na instituição. “É uma continuidade de um projeto anterior, em que fazíamos análises de bactérias e vírus nas águas de montante e jusante da Caesb. Os alunos haviam padronizado a filtração das águas, e quando veio a pandemia, decidimos usar o mesmo método para detectar o Sars-CoV-2”, comenta a professora Thais.

Com os dados, será possível reconhecer regiões mais afetadas e direcionar esforços para proteger a população do vírus. “Já realizamos três coletas nas 15 ETEs, além do processamento de filtração e concentração das partículas virais. No momento, estamos extraindo o RNA viral e o próximo passo é fazer o RT-PCR para detectar o novo coronavírus”, detalha a pesquisadora.

O projeto faz parte do rol de pesquisas relacionadas à pandemia apoiadas pela Finatec. “O papel da Finatec é muito importante, porque eles fazem a gestão e a execução orçamentária da pesquisa. Isso agiliza muito o processo, porque são eles quem entram em contato com fornecedores, fazem licitações, além de se responsabilizar pela emissão de relatórios. Com isso, a Finatec permite que o pesquisador foque na execução da pesquisa, e a parte burocrática, de trâmites administrativos, ficam por conta deles. É uma parceria muito boa”, elogia.

Validação de métodos para diagnóstico e estimativas de prevalência pela infecção por SARS-CoV-2 em três populações no Distrito Federal

Duas pesquisas em uma: esta é a proposta do projeto “Validação de métodos para diagnóstico e estimativas de prevalência pela infecção por SARS-CoV-2 em três populações no Distrito Federal”, comandado pelo professor Wildo Araújo, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ceilândia, da UnB.

“Toda vez que surge uma nova doença infecciosa, precisamos entender, como política pública, quantos já adoeceram. Isso serve para entender o perfil de quem fica doente, quais testes funcionam e quantas vacinas devemos comprar”, explica o docente. A pesquisa tem dois interesses: o primeiro é verificar o chamado grau de acurácia dos testes sorológicos da Covid-19. Depois, descobrir quantas pessoas de fato se infectaram com o Sars-CoV-2 no Distrito Federal. 

A ideia do professor é visitar pelo menos 6.800 domicílios no Distrito Federal e fazer um verdadeiro raio-X da infecção do novo coronavírus em regiões administrativas como Taguatinga, Ceilândia, Setor Sol Nascente e no Plano Piloto, por exemplo. Além disso, equipes de entrevistadores ainda vão coletar dados como a circulação de cada indivíduo pelo DF, uso de máscaras e como cada um se informa sobre o vírus. As entrevistas devem ser repetidas três vezes, com o intuito de compreender como está a curva de infecção nas RA’s.

“Isso serve para direcionarmos orientações educacionais, e para estimarmos quantas pessoas ainda podem se infectar. Eu posso comparar, inclusive, estruturas sociais, ver se um perfil populacional se infecta mais que outro. São dados úteis aos gestores públicos de saúde e de educação do DF”, argumenta o pesquisador. 

Segundo o professor Wildo, a pesquisa terá múltiplos impactos positivos: o primeiro será quanto à avaliação da efetividade dos testes sorológicos. “Vamos promover, não só para o DF, um resultado que demonstra quais exames são viáveis. Isso ajuda a definir quais os melhores a serem adquiridos pela rede privada e, principalmente, pela pública”, afirma.

O estudo ainda terá um impacto a longo prazo: toda a equipe de pesquisadores será capacitada para fazer estudos de validação de testes sorológicos para qualquer doença – uma oportunidade de ouro para estudantes que se envolverem no projeto. 

O projeto vai contar com o recurso de R$ 6,5 milhões e tem o apoio da Finatec. No momento, a equipe está em fase de seleção, ao passo que a pesquisa sobre a acurácia dos testes já está em andamento. A previsão é que o estudo seja concluído ainda no primeiro semestre de 2021. “A Finatec tem o importante papel de gerenciar e fazer todo o processo licitatório de contratação, compra de produtos, insumos e equipamentos. O desafio atual é que o tempo em que a pesquisa precisa ser feita é rápido, e essa pandemia traz novidades a cada dia”, afirma o professor.

Implementação de Acessórios para Ventilação Múltipla

Com mais de um ano de pandemia, podemos dizer que estamos vivendo um momento singular, no qual medidas extremas dão o tom da emergência: você sabia que em alguns hospitais da Itália e de Nova York pacientes dividiram ventiladores? A falta do equipamento levou equipes médicas à decisão, que inspirou um grupo de professores da UnB a estudar o quão viável é, de fato, a prática.

A proposta do projeto “Implementação de acessório para ventilação múltipla”, da UnB Gama-Ceilândia-Darcy, é avaliar a aplicação de um respirador comercial em  dois pacientes ao mesmo tempo. Apoiado pela Finatec e pela FAP-DF, o projeto tem previsão de conclusão em julho de 2021.

“Em virtude desse cenário terrível, surgiram possibilidades. Uma delas era duplicar a capacidade de ventilação – não do aparelho em si, mas do circuito de ventilação. Aumentaria a capacidade de um único aparelho, podendo atender dois indivíduos”, explica o professor Marcelino de Andrade, docente da Engenharia Eletrônica na UnB Gama.

Conectar duas pessoas no mesmo respirador, no entanto, não é uma tarefa tão simples quanto pode parecer. O equipamento se adequa à necessidade e condições do paciente, e pode ser usado em pessoas com diferentes graus de deficiência respiratória: os ventiladores usados hoje detectam como o paciente está e vão se ajustando. Se ligado a duas pessoas, uma vai ser o paciente ‘piloto’ e o outro, o ‘passageiro’. Ou seja, o equipamento vai fazer o que o ‘piloto’ precisar.

“Isso pode ser um problema porque se o ‘piloto’ entrar em apnéia, por exemplo, o ‘passageiro’ também perde o ar. Além disso, temos problemas como a possibilidade de contaminação cruzada, e pode ser muito difícil separar pacientes na hora de intubar e extubar. Tirar alguém da intubação não é tão simples, depende muito de cada pessoa”, enumera o professor Luiz Rocaratti, do departamento de Física Experimental da UnB Darcy.

A pesquisa busca, a princípio, entender se um respirador com circuito duplo é possível e seguro, na tentativa de criar um modelo viável. Para isso, a equipe conta não só com engenheiros, como o professor Marcelino e o professor José Felício da Silva, da Engenharia Eletrônica  da UnB Gama, mas também com o professor Luiz, da Física, e com o professor Sérgio Mateus, da Fisioterapia da UnB Ceilândia.

“A curto e médio prazo, a pesquisa traz o benefício da informação: é saber o que pode ser feito, o que é certo, cientificamente comprovado. Às vezes, as pessoas veem as coisas na internet e acham que algo assim pode ser mais fácil do que de fato é. Em uma UTI, em um hospital, todo cuidado é pouco”, pondera o professor Luiz.

Para o professor Felício, a pesquisa pode resultar em um impacto enorme na atenção hospitalar em tempos de Covid-19 e além. “É um ganho imenso para a sociedade, até no longo prazo. Imagine ter um sistema desse em hospitais que atendem locais afastados, onde o número de ventiladores era reduzido antes da pandemia. Eu vejo muito futuro. Vamos trazer respostas melhores, com sustentação científica, para essas hipóteses”, planeja.

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Monitoramento, mapeamento e elaboração de sistema de alerta rápido para COVID-19 no DF via análise de SARS-CoV-2 em esgotos urbanos

Nem RT-PCR, nem exame de sangue: você sabia que o jeito mais rápido de detectar um surto de Covid-19 em uma região é pela análise do esgoto? Na verdade, segundo artigo publicado em 2020 pela revista Nature, o espalhamento de qualquer doença pode ser descoberto rapidamente por esse tipo de estudo – o que pode emitir um alerta para as autoridades de saúde quanto ao crescimento da curva de contágio. 

Inspirada pela literatura disponível, a professora Cristina Brandão, do departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, bateu na porta do professor Fernando Sodré, do departamento de Química: há alguns anos, ele monitora as 8 principais estações de tratamento de esgoto do Distrito Federal, para entender como é o consumo de drogas de abuso, como o crack e a cocaína, na capital federal. E se ela pudesse adaptar a metodologia para detectar o Sars-CoV-2?

Nasceu aí o projeto “Monitoramento, mapeamento e elaboração de sistemas de alerta rápido para Covid-19 no DF via análise do Sars-CoV-2 em esgotos urbanos”, capitaneado pela professora Cristina. “As estações coletam o esgoto de cerca de 80% da população do DF, temos uma amostra bem abrangente das regiões administrativas. Podemos gerar relatórios sobre o crescimento da carga viral nos esgotos e associar os números aos casos clínicos, seria uma ferramenta auxiliar para os sistemas de saúde”, explica a professora.

A detecção de aumento na curva de contágio, quando medida pela análise de sistemas de esgoto, emite o alerta alguns dias antes da procura de pacientes por unidades de saúde. Isso significa que, munida da informação, as autoridades conseguiriam adotar medidas restritivas e controlar o crescimento do número de casos.

No longo prazo, o estudo da professora Cristina pode servir para detectar surtos de outras doenças pela capital federal – não necessariamente de uma outra pandemia, mas episódios pontuais de patógenos que se espalham com facilidade em alguma região. Outro ponto caro à professora é a transparência: a proposta é que os dados não estejam acessíveis somente à comunidade médica e às autoridade sanitárias, mas a toda a população!

O projeto tem apoio da FAP-DF e da Finatec, velha conhecida da professora Cristina – docente na UnB desde os anos 1990, ela viu a Fundação crescer ao longo das décadas. “Nunca tive problemas com a Finatec, temos um diálogo muito franco. Minha expectativa quanto a esse projeto é que seja como no passado: com uma condução tranquila e transparente, que a gente consiga fazer as coisas com a celeridade que o momento exige”, comenta.

Desenvolvimento de respirador mecânico de baixo custo com sistemas de controle de volume e pressão e adequado às condições sanitárias para pacientes em UTI devido ao COVID-19

Quando a Organização Mundial da Saúde declarou que a Covid-19 é uma pandemia, o professor Sanderson Barbalho, da Engenharia de Produção da UnB, estava na Alemanha para uma série de pesquisas. Ele tratou de voltar para o Brasil: sabia que o melhor lugar para praticar o isolamento social era em casa, com a família.

O professor mal chegou e encontrou outra pesquisa para trabalhar neste momento histórico: ele decidiu criar um respirador mecânico, item tão necessário nos meses críticos do avanço da doença. Ao lado de especialistas na área – e reunindo a própria experiência profissional no desenvolvimento de equipamentos médicos – o professor tinha como objetivo criar um equipamento de baixo custo, replicável e que pudesse ser usado em uma UTI.

“Principalmente em cidades pequenas e locais mais inóspitos, o pessoal não tem recursos para comprar equipamentos em quantidade. Quanto menor o custo, melhor, mas tem que haver esse trade-off entre o custo e o padrão de qualidade mínimo para você colocar e uma pessoa respirar”, argumenta o pesquisador.

O protótipo está em fase de desenvolvimento – a equipe já sabe como o respirador vai funcionar e está trabalhando no painel de controle, enquanto aguarda a chegada das peças para montar o primeiro respirador da pesquisa. 

“O que a gente pensou, nosso ponto de partida foi fazer um respirador e ter a possibilidade de entregá-lo a hospitais. Outro impacto é, de fato, a gente conseguir fazer um projeto desse tipo gerando um produto de alto nível. A gente está introduzindo tecnologias de IoT, desenvolvendo aplicativo para o médico – isso não existe no mercado”, adianta Sanderson.

Um dos desafios da equipe é justamente esse: desenvolver um produto com tecnologia moderna, mas de baixo custo. “A gente está conseguindo fazer, digamos, uma coisa tupiniquim, com um bom padrão de qualidade”, comemora. A equipe da UnB conta com o apoio de professores do IFB, e está em contato também com pesquisadores de instituições como a UFSCar e a USP, que estão desenvolvendo equipamentos similares.

O projeto, assinado em junho de 2020, ainda está em andamento e conta com o apoio da Finatec. Para o professor Sanderson, esse tipo de ajuda é essencial no andamento do projeto, sobretudo por permitir ao pesquisador o foco na parte prática da pesquisa, deixando a gestão com uma equipe especializada.

“A Finatec viabiliza a gestão financeira do projeto, o pagamento das bolsas dos alunos, tudo isso daí o professor não consegue fazer. Nosso trabalho é técnico, a gente quer desenvolver o produto. Por outro lado, é super importante ter alguém cuidando desse lado burocrático, sem eles a gente não consegue trabalhar”, pondera.

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