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Anticorpos no diagnóstico e terapia da Covid-19: estudo clínico e translacional com pacientes convalescentes no Distrito Federal
Um grupo de pesquisadores da FAP-DF (Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal) e da Faculdade de Medicina da UnB (Universidade de Brasília) está em busca de um tratamento para a Covid-19 usando técnicas criadas no final do século XIX: o uso de plasma de convalescentes. A proposta é usar a parte líquida do sangue daqueles que tiveram a doença e se curaram para criar uma terapia para a patologia.
“A ideia desse projeto é que aquela pessoa que sobreviveu à doença produziu anticorpos contra o Sars-CoV-2, e esses anticorpos presentes na parte líquida do sangue do doador convalescente vão ajudar o receptor a lutar contra a doença”, explica André Nicola, professor da UnB e coordenador da pesquisa.
A ideia de tratar doentes com plasma de convalescentes foi inventada no fim do século XIX, e ajudou a salvar muitas vidas, sendo muito utilizada até a criação dos antibióticos, em meados do século XX.
“O plasma de convalescente é um material disponível rapidamente, é seguro, já tem mais de um século de experiência com o uso. Em outras doenças, ele foi eficaz, então existe uma possibilidade de ele funcionar na Covid-19 e é por isso que a gente está fazendo esse estudo clínico”, comenta Nicola.
No momento, os pesquisadores estão coletando o plasma de quem pegou a Covid-19 e se recuperou: depois da análise do material, o antígeno será testado em pacientes com a doença. A expectativa é que o produto ajude os doentes a se recuperar mais rapidamente – o público-alvo deste estudo são pacientes com sintomas moderados, cuja gravidade não aumentaria graças à administração do plasma.
Outra etapa do estudo envolve codificar os anticorpos produzidos pelos convalescentes e usá-los para o tratamento da Covid-19. Com a engenharia genética dessas proteínas em mãos, os cientistas conseguiriam elaborar um fármaco para combater a doença, usando a tecnologia de anticorpos monoclonais. Esta etapa, no entanto, levará alguns anos para ser concluída.
A curto prazo, a elaboração de um tratamento para a Covid-19 seria de grande ajuda para os profissionais de saúde: se os pacientes com sintomas moderados não piorarem, a ocupação das UTIs – e, consequentemente, de respiradores e máquinas de hemodiálise – não foge do controle.
O projeto do professor André é consideravelmente complexo, com custos que envolvem desde os materiais até o pessoal envolvido na pesquisa. A equipe conta com o apoio da FAP-DF por meio de um convênio com a Finatec. “A Finatec trabalha em conjunto com a nossa equipe de pesquisadores para nos ajudar a adquirir os materiais e equipamentos necessários para realizar esse projeto, além de contratar a equipe de pesquisadores que está realizando as diversas etapas”, detalha o acadêmico.
Produção Vida 2020 – Faceshield
A produção começou em março, quando equipamentos de segurança contra o Sars-CoV-2 ainda eram escassos pelo Brasil. Diante da demanda do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), a professora mobilizou uma equipe para produzir 50 face shields para a equipe médica.
Diante do sucesso da empreitada – financiada por doações de professores, alunos, entidades e empresas privadas –, a FAP-DF (Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal), junto à Finatec, deslocou recursos para aumentar a produção. Os equipamentos adquiridos não só otimizaram a fabricação de face shields, mas passaram a integrar o patrimônio da Universidade.
“Nós tínhamos, na época, cinco impressoras 3D, e nos foram disponibilizadas mais 35 unidades. Hoje, também temos máquinas de corte a laser. Todos esses equipamentos vão nos ajudar a produzir outros produtos, a apoiar os protótipos de vários grupos de pesquisa dentro da universidade, e da comunidade em geral”, comemora a professora.
Além dos equipamentos, a equipe recebeu reforços: a Finatec auxiliou na contratação de estagiários e celetistas para o projeto. Hoje, a equipe conta com cerca de 30 pessoas trabalhando em dois turnos para produzir os face shields.
O produto passa por rigorosos processos de verificação de qualidade, o que reflete na confiabilidade dos face shields. “Nós temos, ao longo de todo o processo, que atender às boas práticas de fabricação das normas da Anvisa. A gente tem que prezar pelo controle de qualidade e pela rastreabilidade do produto que produzimos. Como ele vai para dentro do ambiente hospitalar, não pode levar a novos focos de contaminação”, explica Andréa.
Com 30 pessoas trabalhando nos dois turnos, a professora Andrea pôde contar com o apoio da Finatec para a gestão de pessoas, além da gestão de compras de materiais e instrumentos para a construção do equipamento de proteção. “A Finatec nos auxilia no processo de seleção de pessoas, na compra de materiais para que ele chegue em tempo e a gente possa organizar o nosso processo produtivo, e produzir de acordo com as boas práticas de fabricação”, detalha a professora.
O projeto teve desdobramentos para outras áreas e serviços essenciais: em junho de 2020, a equipe entregou 250 protetores faciais para funcionários do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Esta etapa teve apoio do Ministério Público do Trabalho, que doou R$ 300 mil para a Finatec destinar à produção.
Geração de insumos biotecnológicos utilizando diferentes sistemas de expressão de proteínas para a geração de kits de diagnóstico de SARS-CoV-2
O professor Bergmann Ribeiro, do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), conta que foi um tanto ingênuo no início da pandemia: ele achou que o Sars-CoV-2 nem chegaria ao Brasil. Meses depois, ele estava sequenciando cepas do vírus encontradas em Brasília: o professor se especializou em vírus desde a graduação, e trabalha com produção de proteínas virais para insumos de kits de diagnóstico e até mesmo vacinas.
Em parceria com o professor Tatsuya Nagata e com colegas da Universidade Federal de Goiás, ele coordena hoje a pesquisa “Geração de insumos biotecnológicos utilizando diferentes sistemas de expressão de proteínas para a geração de kits de diagnóstico de SARS-CoV-2”. A proposta é clonar o gene que codifica as proteínas da capa do vírus e expressá-las em seres vivos: o professor Bergmann testou em células de insetos, e o professor Tatsuya testou em células de plantas. A ideia é ver qual reagente funciona melhor com um teste rápido, etapa desenvolvida na UFG.
“Estamos prestes a produzir proteínas em larga escala, em laboratório, suficientes para produzir anticorpos em coelhos. Quando conseguirmos um anticorpo que reconheça essas proteínas, vamos passar para os especialistas em desenvolvimento de kits rápidos, em Goiânia. Vamos descobrir quais células funcionam melhor, de plantas ou insetos”, explica o professor.
Para Bergmann, esta é uma demonstração de como a universidade pode servir à sociedade mundial. “É uma resposta que a UnB dá a um problema global. Os pesquisadores que têm expertise em pesquisar vírus têm a obrigação de ajudar no esforço para conhecer melhor o Sars-CoV-2 e diminuir os custos dos testes”, opina. “Estamos treinando recursos humanos capazes de desenvolver esse tipo de tecnologia para outros vírus que certamente virão. A universidade não é isolada da sociedade, estamos sempre pensando no bem da humanidade”, afirma.
O projeto tem o financiamento e a gestão da Finatec, o que, segundo o professor, é uma ajuda preciosa. “Neste projeto, precisamos de três equipamentos que a Finatec importou. Além disso, os insumos que preciso também são adquiridos por eles. A equipe faz pesquisa de preços e de adequação de materiais, é muito importante porque tira um pouco do trabalho do pesquisador. O tempo é um insumo importante para quem pesquisa, e a Finatec ajuda liberando esse tempo para o que realmente importa, que são os projetos”, comemora Bergmann.
Respire – Desenvolvimento colaborativo de um protótipo de ventilador mecânico de rápida manufatura
Nos primeiros dias de março de 2020, o professor Daniel Muñoz, docente do curso de Engenharia Eletrônica na UnB Gama, se alarmou com as notícias que chegavam da Europa: na Itália e na Espanha, pessoas morriam de Covid-19, muitas por falta de equipamentos de suporte à respiração. Sabendo que o problema se aproximava do Brasil, ele se reuniu com outros professores do Campus para descobrir o que poderiam fazer para ajudar: a tentativa era de se adiantar à chegada do vírus.
“Pesquisei como se construía um respirador e vi que existem alguns ventiladores pulmonares para construção emergencial. Encontrei, inclusive, uma norma do órgão análogo à Anvisa do Reino Unido mostrando alguns requisitos para a construção desses equipamentos emergenciais”, lembra o professor. Em maio, a Anvisa lançou uma RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) com os requisitos para a construção emergencial de ventiladores muito parecida com o documento inglês.
O grupo de professores logo viu que seria possível desenvolver sistemas automatizados para respiração mecânica e decidiu: a meta era construir um protótipo funcional de um ventilador pulmonar emergencial, facilmente replicável e de baixo custo. Começaram a se reunir por videochamada, sempre com uma dúvida no ar: será que eles conseguiriam a permissão de uso do aparelho desenvolvido?
“Sabemos que a indústria médica tem que ser assim, com normas muito rigorosas. Mas nós estávamos assustados, não sabíamos o que ia acontecer em Brasília. Decidimos fazer alguma coisa, e projetar o respirador antes que a coisa começasse a desandar”, comenta o docente.
Em junho, a FAP-DF e a Finatec passaram a apoiar o projeto “Respire – Desenvolvimento colaborativo de um protótipo de ventilador mecânico de rápida manufatura”, coordenado pelo professor Daniel. Atualmente, a equipe de pesquisadores e a Finatec trabalham para adquirir peças para o protótipo – algumas ainda não são tão fáceis de encontrar no Brasil.
“Essa é a principal contribuição, o know-how, saber como construir um aparelho. O que é necessário, o que se encontra no Brasil, o que não se encontra, esse talvez seja o ponto mais importante”, opina o professor.
Para o professor Daniel, um dos destaques da parceria com a Finatec é o apoio administrativo. “Assim, o pesquisador se dedica a pesquisar, e se preocupa menos com a parte de contatar os fornecedores. O tempo de resposta do fornecedor nem sempre é o mesmo, né? Na questão das compras, eles vêm e entregam aqui para mim. Eu só me preocupo em vir, encontrá-los e receber as coisas. É positivo”, comenta.
Verificação de atividade antiviral de Peptídeos Intragênicos Antimicrobianos (IAPs)
A chegada da pandemia do novo coronavírus deu um novo foco à pesquisa do professor Guilherme Brand, do Instituto de Química da UnB. O docente buscava, em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, fragmentos de proteínas de células que, isoladas, apresentavam uma atividade biológica desejada.
“Com essa ideia, você pode pegar o genoma de qualquer ser vivo e, a partir da análise de todas as proteínas desse organismo, consegue identificar fragmentos que, uma vez sintetizados, resultam em uma atividade biológica interessante. Como o laboratório tinha ampla experiência em moléculas com atividade em membranas biológicas, a ideia foi começar por aí”, lembra o professor.
A pesquisa, em desenvolvimento desde 2017, ganhou novos contornos com o Sars-CoV-2. “Como existe um grande contingente de vírus emergentes que são envelopados, ou seja, que apresentam uma bicamada lipídica em torno da partícula viral, é natural que essas moléculas consigam desestabilizar esse envoltório viral. Com isso, teríamos uma atividade antiviral pela inibição ou pela atividade direta virolítica”, explica.
O projeto “Verificação de atividade antiviral de Peptídeos Intragênicos Antimicrobianos”, apoiado pela Finatec e pela FAP/DF, teve suas duas primeiras etapas concluídas em 2020: no início, os pesquisadores prospectaram proteínas no genoma humano que são potenciais antivirais. Depois, sintetizaram quimicamente esses fragmentos.
“Então, você passa para testes in vitro, para verificar se existe mesmo o potencial que a gente está buscando, se essas moléculas têm realmente a capacidade de desestabilizar essas partículas virais”, detalha o professor Guilherme. Para esta etapa – em andamento e com conclusão prevista para junho de 2021 –, a equipe conta com o apoio de pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade de Lisboa, em Portugal.
“Nossa pretensão é que algumas dessas moléculas sejam capazes de inibir o processo de internalização da partícula viral, a infectividade da partícula viral. E a gente vai testar primariamente contra Sars-CoV-2, embora o objetivo deste projeto seja uma atividade antiviral ampla. A ideia é buscar moléculas que atuem como uma primeira barreira de proteção contra uma ampla gama de vírus diferentes”, planeja o pesquisador.
O professor Guilherme está habituado a gerenciar os próprios projetos e sabe bem como a atividade pode ser estressante: esta é a primeira pesquisa que ele realiza em parceria com a Finatec. “Devo dizer que toda a minha relação com a Finatec tem sido muito tranquila. Mediante troca de e-mails com vários setores, ela tem cuidado de toda a parte de compras relacionadas ao projeto. A minha experiência tem sido bastante satisfatória, simplesmente de não ter de lidar com isso”, comenta.
Vigilância Sanitária em tempos de pandemia – Curso
Conhecimento se compartilha, sobretudo em tempos de fake news: essa é a premissa da criação do projeto “Vigilância Sanitária em tempos de pandemia”, um curso online aberto à população criado pela professora Izabel Cristina Rodrigues, docente no curso de Farmácia da UnB Ceilândia.
O conceito principal é demonstrar como cada cidadão brasileiro usa o SUS todos os dias – mesmo aqueles que nunca foram usuários da rede hospitalar pública. “O pessoal percebeu a importância do SUS nesse momento da pandemia, mas nem todo mundo sabe que usa o SUS todos os dias, porque a água que bebemos tem controle sanitário. Os produtos de higiene pessoal, cosméticos, tudo tem controle sanitário” detalha Izabel.
“Quando se fala em vigilância sanitária, são ações que têm como objetivo eliminar, diminuir ou prevenir um risco que possa causar dano à saúde humana, animal ou ao meio ambiente. Em todos os processos, da produção de produtos à circulação de bens”, explica a professora.
As aulas, iniciadas em outubro, abordam diversos aspectos do funcionamento do SUS, como por exemplo o manejo do gerenciamento de riscos e biossegurança: no contexto atual, se discute se o uso de máscaras é suficiente para se proteger contra uma infecção como a da Covid-19 – ou se outras barreiras de contenção, como evitar compartilhar elevadores e o próprio distanciamento social seriam importantes aliados do equipamento de proteção individual.
Outro conteúdo de interesse é como levar à população o conhecimento sobre as fases de elaboração de uma vacina. “A população ouve, ansiosa por essas questões da vacina, das pesquisas clínicas, mas não compreende o significado das fases 1, 2 e 3. No nosso curso, a gente aborda esses critérios também”, comenta Izabel.
Embora o projeto da professora seja considerado de baixo custo se comparado às pesquisas de outros colegas, o apoio da Finatec na prestação de contas fez a diferença no dia-a-dia de Izabel.
“O meu projeto recebeu pouco fomento, porque como é um curso online, eu pedi coisas simples. Confesso que a prestação de contas, mesmo sendo um valor tão pequeno perto de outros projetos, é um processo estressante para o professor, ainda mais em tempos de pandemia. Tive que fazer uns ajustes e o pessoal da Finatec me ajudou na legalidade, de como fazer esse processo. Eles não mediram esforços, tentando buscar a melhor solução”, lembra.
Prospecção de moléculas inibitórias das proteases quimiotripsina-like protease (Mpro) and papain-like protease (PLpro),com atividade antiviral contra o SARS-CoV-2
A Covid-19 pegou o mundo inteiro de surpresa no início de 2020, mas universidades e instituições de pesquisa ao redor do globo estavam conduzindo estudos correlatos que poderiam servir para entender, combater e erradicar o Sars-CoV-2 – mesmo sem saber, pesquisadores estavam trilhando parte do caminho que se desdobrou com a pandemia.
Este é o caso da professora Izabela Bastos, do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília: ela integra um grupo de pesquisadores especialistas no estudo de proteases de patógenos, e estava estudando a interação das proteínas celulares entre agentes como vírus e o hospedeiro.
À época, eles haviam observado que algumas dessas moléculas conseguiam inibir proteases virais da zika e da dengue – e logo viram que o conhecimento poderia ser aplicado à Covid-19.
“A ideia da pesquisa é buscar moléculas capazes de inibir as duas proteases virais, que são a MPro e a PLPro proteases, com o objetivo de buscar alternativas terapêuticas para a Covid-19, bem como outras doenças causadas por coronavírus”, explica a professora.
Os pesquisadores procuram encontrar maneiras de inibir a protease, o que interrompe o funcionamento normal do vírus. Assim, ele não conseguiria terminar o ciclo vital dentro de uma célula hospedeira.
“O impacto da realização desse projeto será de contribuir para a pesquisa básica, conhecimentos acerca do comportamento das proteases virais frente a certos inibidores. E também, abrir caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos que vão beneficiar, obviamente, toda a sociedade”, comentou a professora em live realizada em setembro de 2020.
O projeto ainda está em fase inicial, mas já conta com uma equipe formada, inclusive, por bolsistas do mestrado e do doutorado da instituição. A Finatec é uma apoiadora da pesquisa, que deve ser concluída em 12 meses.
“A parceria com a Finatec é essencial, porque ajuda muito o trabalho do pesquisador com relação a toda a parte de execução financeira, aquisição de insumos, equipamentos, prestação de contas. Realmente, é fundamental esse apoio para o desenvolvimento do projeto”, afirmou a professora.
Planejamento Digital e Impressão de Dispositivos para Escudo Facial de Acetato Atendendo ao Plano de Contingência da Pandemia de COVID-19
Você já parou para pensar em como a pandemia afetou o trabalho de odontologistas? Para profissionais que estão em contato direto com a boca do paciente, os riscos aumentaram consideravelmente, bem como a necessidade de equipamentos de proteção individual. O projeto “Planejamento Digital e Impressão de Dispositivos para Escudo Facial de Acetato Atendendo ao Plano de Contingência da Pandemia de COVID-19”, coordenado pela professora Loise Pedrosa Salles, busca soluções para este problema.
“Tenho uma grande amiga que também é dentista e precisou retomar as atividades nos primeiros meses da pandemia, porque trabalha num hospital público com alta demanda de atendimento. Ela e o marido estavam planejando engravidar, e na época, era difícil achar o face shield. Ele, como engenheiro de produção, idealizou um clipe que se adapta aos óculos de proteção para acoplar uma placa de acetato. É uma história bonita, porque nasceu desse amor, dessa preocupação com a esposa e com o filho que estava a caminho”, lembra a professora da pós-graduação em Odontologia da UnB.
À época, os professores da Faculdade de Saúde da instituição estavam se mobilizando para conseguir luvas, máscaras e outros equipamentos de proteção individual para doar ao Hospital Universitário de Brasília (HUB). A professora Loise, sabendo da ideia do amigo, entrou em contato com ele e propôs uma parceria para produzir os clipshields, como chamaram a invenção. Ele topou na hora!
A pesquisa esbarrou em um probleminha: profissionais da saúde que usam óculos de grau têm dificuldades em usar os óculos de proteção, o que gerou uma demanda para a elaboração de um segundo modelo de clipshield, que servisse adequadamente aos óculos de grau. Foi aí que entrou um estudante do Design, Marcio Sperling.
“É muito gratificante reunir alunos de diferentes cursos, integrar áreas. É algo muito interessante para a comunidade acadêmica e para os nossos jovens. Temos um aluno do Design trabalhando com os meninos da Medicina e da Odontologia, isso é muito bacana”, comemora a professora. Ela e o estudante desenvolveram o clipshield para óculos de grau, já entraram com pedido de patente e produziram os modelos.
O HUB já recebeu o primeiro lote do EPI, com 300 unidades compostas por dois clipshields, a placa de acetato e um elástico para prender o equipamento à cabeça. A instituição vai receber mais 700 unidades até o fim do projeto.
“Tem um detalhe importante: esse equipamento te obriga a usar as duas proteções, os óculos e a folha de acetato. É uma dupla proteção importante para quem tem contato com pacientes. Além disso, você prende o acetato nos óculos, não fica com aquela placa que incomoda na cabeça”, pondera Loise.
A pesquisa conta com o fomento da Finatec: a professora elogiou não só o papel da instituição na gestão do projeto, mas a celeridade em obter os equipamentos necessários para produzir os clipshields. “A Finatec foi muito ágil nesse processo, é algo que preciso evidenciar. Além disso, ela desobriga o pesquisador do aspecto burocrático do projeto”, elogia.