Finatec participa de congresso sobre papel das fundações

Evento acontece em Brasília entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, trazendo mesas redondas e oficinas

A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) participa do 6º Congresso Nacional do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies). O evento será em Brasília, entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro.

O tema do encontro é “O papel das Fundações de Apoio para Acesso, Inclusão e Democratização da Ciência e Tecnologia do Brasil” que tem como objetivo difundir o papel das fundações de apoio por meio de conferências, mesas-redondas e fóruns.

Também vão acontecer oficinas temáticas sobre processos de gestão/administração estimulando parcerias e intercâmbio de ideias entre essas entidades, além de buscar mais agilidade e segurança aos projetos de pesquisa das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e demais Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) apoiadas pelas 99 fundações filiadas ao Confies.

Diretor-presidente da Finatec, Augusto Brasil afirma que trazer o evento do Confies para Brasília dá possibilidade de congregar todas as fundações. “As fundações cumprem hoje um papel fundamental que é complementar muitos recursos que foram tirados das universidades em forma investimento, infraestrutura e custeio. As fundações conseguiram suprir não só para dentro das universidades em termos de manutenção e infraestrutura, mas também no financiamento de projetos e bolsas de pesquisa, contratação de pessoas e compra de equipamento que é uma agregação de valor enorme para a ciência do país”, defende.

A programação

O presidente do Confies, Antônio Fernando de Souza Queiroz, explica que, no primeiro dia, haverá fóruns onde os representantes das fundações poderão discutir assuntos específicos para cada uma das categorias. “Haverá o fórum dos presidentes das fundações, dos gestores, dos procuradores, dos contadores, das equipes da tecnologia da informação e fórum dos comunicadores”, detalha.

No segundo dia, o debate será em uma mesa com o tema “O Estudo sobre relações dos órgãos de controle para com as fundações de apoio” e três oficinas. Assembleia geral ordinária do Confies e a celebração dos 36 anos do Confies, com a entrega do prêmio boas práticas em 2023.  No terceiro e último dia, a mesa terá como tema “A incorporação das fundações de direito privado na chamada administração pública” e oficinas.

Durante o congresso, vai ser divulgado o resultado do Prêmio Boas Práticas das Fundações de Apoio –, concurso criado há cinco anos para premiar os melhores projetos desenvolvidos por essas entidades.

Fundações de Apoio

O Confies reúne 99 fundações de apoio que gerenciaram no ano passado mais de R$ 9 bilhões da atividade de pesquisa de mais de 230 universidades públicas e institutos federais de ensino e pesquisa. Catalisadoras de recursos para instituições de ensino superior, essas instituições de direito privado são credenciadas pelo MEC e MCTI e instituídas e veladas pelos Ministérios Públicos Estaduais e do Distrito Federal.

Finatec recebe o primeiro PMODay da RNP

Na última semana, os colaboradores da Rede de Ensino e Pesquisa – RNP se reuniram na sala de conferência da Finatec para o primeiro PMODay da instituição, evento que promoveu palestras sobre gestão de projetos e como estabelecer conexões significativas com profissionais de toda a organização.

Um dos objetivos do PMO (Escritório de projetos, setor responsável por implementar e garantir a manutenção dos padrões de Gerenciamento de Projetos adotados pelas organizações), é a disseminação de boas práticas na gestão de projetos. Com lotação máxima, o encontro foi bem recebido pelos colaboradores.

“Temos os escritórios de projetos das diretorias e queremos compartilhar aqui as boas práticas, compartilhar conhecimento espelhado nas normas internacionais, nos preceitos do PMI, do PMO, enfim, é muito importante para nós. Em uma época pós pandemia, a gente trabalha em remoto, então juntar pessoas é uma motivação especial. A gente compartilha conhecimento com os nossos, é falar de gestão de projeto, é melhor ainda. Nós estamos com muitos projetos e essa é uma oportunidade de trabalharmos para melhorar nossa própria gestão.”, afirma Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e Operações da RNP. 

Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e Operações da RNP

Na programação, os representantes do Esquadrão do PMO abordaram temas como boas práticas, inovação em gestão, boas práticas de custos, processos e riscos, branding organizacional e os cases de sucesso da RNP.

“Estamos aqui hoje no PMODay, que é um encontro de vários coordenadores gerentes de projetos em busca de troca, compartilhar conhecimentos e informações na metodologia de RNP, no sentido de buscar as melhores práticas para a gestão de projetos. Fazer projeto está no nosso DNA, somos uma empresa que conecta com projetos. Então, à medida que esses que eles vão crescendo, os desafios vão aumentando, se faz necessário rever as nossas metodologias.”, comenta Iara Machado, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento na RNP. 

Iara Machado, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento na RNP

Antônio Carlos Fernandes Nunes, diretor de serviço e soluções da RNP, explica como o PMODay impacta no escritório de projetos da instituição. “Trocamos de conhecimentos em relação a gerenciamento de projetos, mas também a essa estruturação de escritórios de projetos na organização, em relação à forma de trabalhar, à interação, à padronização, a questão também do acompanhamento, a forma que nós também vamos internamente poder fazer um acompanhamento da autodireção, dos gestores, das equipes, mas também a forma. O mais importante do que áreas e os escritórios que se espalharam é, nós podermos trazer isso por uma visão mais uníssona, uma visão mais integrada e padronizada em relação a essa iniciativa.”.

Antônio Carlos Fernandes Nunes, diretor de serviço e soluções da RNP

Na ocasião, alguns colaboradores da Gerência de Projetos participaram dos painéis com o intuito de absorver novos conhecimentos em gestão ágil. “O maior patrimônio de uma empresa é o seu capital intelectual. Colaboradores capacitados têm mais habilidades de liderança, comunicação, organização e maior disponibilidade para trabalhar em equipe. Eventos como o PMODay além de agregar para o crescimento individual, impulsiona para que práticas ágeis sejam renovadas nos processos da Fundação, melhorando o dia a dia da execução dos projetos, principalmente na qualidade e eficiência organizacional, garantindo a entrega de valor.”, afirma Cláudia Carvalho, analista de Prestação de Contas da Finatec.

Claudia Carvalho, Debora Maria e Anna Carolina, colaboradoras da Finatec

“A estrutura da Finatec é excepcional para nós! É em Brasília, é dentro da universidade, é bem fácil. A estrutura é muito boa, nós estamos muito satisfeitos, agradecemos muito a oportunidade de realizar esse evento aqui, tudo de bom, muito obrigado. Nós estamos revendo pessoas, da própria RNP. Tem gente de todos esses lugares. Tem gente que está aqui porque trabalha remoto.”, finaliza Eduardo Grizendi.

Confira as fotos do evento:

Tecnologia de Medicamentos e Cosméticos

Especialização da UnB está na segunda turma e tem como público alvo pessoas que atuam na indústria, na manipulação, em agências regulatórias e em clínicas de estética

A Especialização em Tecnologia de Medicamentos e Cosméticos é uma Pós-Graduação Lato sensu vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Brasília (UnB). O curso tem como meta apresentar aos estudantes as mais recentes tecnologias da área.

O objetivo é capacitar os profissionais farmacêuticos, químicos e pessoas que atuam na produção, na manipulação, na regulação e no controle da qualidade de medicamentos e cosméticos. O curso está na segunda turma e é composto por 13 módulos, com duração de 18 meses.

Público alvo

O público alvo é aquele que atua na indústria, na manipulação, em agências regulatórias, em clínicas de estética e de procedimentos estéticos com o emprego de cosméticos e técnicas de promoção de permeação de ativos, além dos profissionais que desejam se preparar para um mestrado ou doutorado na área

Taís Gratieri, professora do curso de Farmácia e da Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas da Universidade de Brasília (UnB) é a coordenadora pedagógica e docente da especialização. Ela explica que a primeira edição do curso foi em 2022 e que ele acontece a cada 18 meses. São no máximo 30 alunos por turma.

Para ela, além de capacitar tecnicamente os profissionais farmacêuticos, biomédicos, químicos e de outras áreas relacionadas à produção, manipulação, regulação e controle da qualidade de medicamentos e cosméticos, quanto às mais recentes tecnologias que vêm surgindo com o desenvolvimento científico da área, o curso contribui para a formação do senso crítico e a visão científica nesses profissionais, de forma que eles tenham os instrumentos necessários para tomar decisões conscientes no futuro.

A pós-graduação será realizada na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB). As aulas teóricas e práticas serão ministradas quinzenalmente, aos sábados.

Para onde vai o trabalho humano na era digital?

Pesquisadores da UnB trabalham para responder entender e dar respostas a essa pergunta

Analisar as transformações na forma de ser e de organização do trabalho no início de século XXI, em particular com o aprofundamento das transformações tecnológicas — a chamada 4ª revolução industrial, indústria 4.0, revolução digital— entre outras expressões. É sobre este tema que um grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e outros de Portugal e da França se debruçam para ter respostas. 

Por meio da Finatec, o grupo recebeu recursos para financiar dois projetos que compõem um projeto guarda-chuva e coletivo intitulado Para onde vai o trabalho humano na era digital? “Nosso foco é olhar esses processos desde baixo, isto é, a partir das percepções e vivências das trabalhadoras e dos trabalhadores, buscando compreender os impactos dessa realidade sobre o labor”, explica o professor Ricardo Festi, coordenador do projeto. 

A investigação teve início em março de 2020 e, neste ano, o grupo entrou numa nova fase concentrada em alguns eixos temáticos: os entregadores e motoristas de plataformas digitais (os uberizados) e os microempreendedores individuais (MEIs). A abrangência da pesquisa é o Distrito Federal e Entorno, mas também é parte deste projeto mais amplo uma análise comparativa com a realidade de Portugal e França. Temos inclusive pesquisa sendo realizada nos dois países. “Futuramente, queremos avançar para compreender as modalidades de micro trabalho e de teletrabalho, todas impactadas pela plataformização”, antecipa Festi. 

No primeiro semestre de 2023, os pesquisadores aplicaram uma survey com entregadores de aplicativos do Distrito Federal e Entorno. O questionário chegou a mais de 700 trabalhadores e trabalhadoras e foi integralmente respondido por 247 (por meio on-line e presencial). Além disso, a parte presencial contou também com observações e registros fotográficos dos locais de descanso e coletas de alimentos destes profissionais. O objetivo do questionário foi compreender as suas posições e percepções em relação ao debate sobre a regulação do trabalho em plataformas digitais.

Neste caso, a pesquisa com os entregadores de aplicativo mostrou uma contradição entre o desejo de ter direitos trabalhistas garantidos nas plataformas digitais, ao mesmo tempo que se rejeita o contrato de trabalho e se valoriza a autonomia e a flexibilidade. Os respondentes sabem que as condições

de trabalho são bastante precárias, mas ainda assim preferem trabalhar em média 16 horas por dia para obter uma renda líquida que não teria como celetista.

“Esta constatação nos tem feito revisitar a tradição crítica da sociologia do trabalho e da história da força de trabalho no Brasil e compará-la com os outros países envolvidos na pesquisa para compreender melhor este fenômeno presente há décadas numa camada da classe trabalhadora brasileira (que, em sua maioria, vive na informalidade e precariedade), isto é, a vontade de estar livre dos ditames de um patrão.” 

MEIs

As próximas etapas da pesquisa envolverão a aplicação de uma survey entre motoristas de aplicativos sobre a mesma temática e, concomitante, a realização de entrevistas em profundidade. “No caso da frente de pesquisa sobre MEIs, realizamos Grupos Focais com diversos perfis de diferentes regiões administrativas do DF. Neste caso, ainda estamos em processo de sistematização e análise dos dados obtidos. E, por fim, no âmbito da pesquisa comparativa com outros países, temos realizado entrevistas com entregadores e motoristas de aplicativos de Portugal”, explica Ricardo Festi. 

Como se trata de uma pesquisa que envolve vários pesquisadores e pesquisadoras, há duas dimensões neste projeto. Uma, coletiva, que busca por meio de ações comuns levantar dados empíricos (como as entrevistas, aplicação de survey, análise de dados estatísticos de fontes oficiais etc.) para os auxiliar em reflexões teóricas mais profundas. 

A outra dimensão do projeto envolve as vontade e necessidades individuais de cada pesquisador e pesquisadora. Todos estão realizando pesquisas de iniciação científica, pós-graduação ou pós-doutorado. Dessa forma, confluímos o individual e o coletivo, criando um espaço comum de trocas e reflexões em nosso grupo de pesquisa.

O projeto tem uma equipe de 18 pesquisadores, composta por professores, uma pós-doutoranda, um pesquisador colaborador júnior, doutorandos, mestrandos e graduandos. Há também uma outra parte da equipe, envolvida na pesquisa, de colegas portugueses. “Estes estão envolvidos como parceiros de uma rede de investigação que temos buscado construir e colaborar por meio de agendas comuns de reflexão e estudos”, explica Festi.

Gestão

Os recursos geridos pela Finatec são provenientes de emendas parlamentares. Mas também há auxílios financeiros da FAPDF, de um edital de demanda espontânea, e do Proic (Iniciação Científica de alunos/as da graduação).

A Finatec tem sido fundamental no auxílio da gestão do recurso, segundo Ricardo Festi. A sua execução começou recentemente, com o pagamento de bolsas e, agora, a aquisição de serviços (como a produção de um site para o projeto, assinatura de software etc.). Mas a parceria com a fundação começou muito antes, com o auxílio no processo de tramitação burocrática nas instâncias da UnB.

Futuro

Diante dos resultados obtidos os pesquisadores já traçam planos para novas pesquisas nos anos subsequentes, pois muitos novos temas estão se abrindo com a investigação e que deverão originar novas investigações, tais como a questão racial, a de gênero, a geracional, o micro trabalho, o teletrabalho etc. 

O balanço até aqui tem sido muito positivo. A pesquisa resultou em reflexões que permitiram aos participantes entrar no debate público sobre a regulação do trabalho em plataformas. “Participamos de audiências públicas na Câmara Legislativa do DF e do Senado Federal, além de compor um grupo de pesquisadores de todo país que tem auxiliado no debate do GT, criado pelo governo federal, sobre a regulação do trabalho em plataformas digitais. Além do artigo citado anteriormente, publicamos um livro intitulado A tragédia de Sísifo: trabalho, capital e suas crises no século XXI pela editora Paco”, concluiu Ricardo Festi.

Estudo busca proteger empresas publicas e privadas de hackers

Em 48 horas, foram realizados 207,4 mil testes verificando ameaças

Os avanços tecnológicos criam facilidades ao mesmo tempo em que se tornam alvo de hackers em busca de dados de empresas e cidadãos. Um relatório produzido pela Universidade de Brasília, por meio do Ciberlab (laboratório de cibersegurança resultante da cooperação do Cigod, Aware e Finatec) traz uma nova abordagem para a segurança cibernética: a avaliação do risco de prontidão cibernética das instituições. Com inovadoras capacidades preemptivas e não-intrusivas, a nova abordagem fortalece a prevenção de incidentes e a resiliência das empresas públicas e privadas.

Para o estudo, o grupo de pesquisa analisou, de forma não intrusiva, os ativos de TI de 20 empresas de infraestrutura crítica, entre elas agências públicas reguladoras; empresas privadas concessionárias de utilidade pública do setor de energia e saneamento; do setor financeiro; do ramo de telecomunicações e, por fim, de transportes.

Para avaliar a segurança, em 48 horas foram feitos 207,4 mil testes verificando ameaças e vulnerabilidades. Destes, 163,5 mil foram aprovados, 24,7 mil receberam status de alerta; e 17,4 mil foram reprovados. Do universo de reprovados, 13,7 mil testes apontaram falhas de baixo e médio risco e, preocupantemente, 3,7 mil testes detectaram falhas críticas e severas. “O que este estudo mostra é que, num contexto preventivo, conseguimos atuar para que incidentes sejam evitados antes que gerem danos. As organizações criminosas do mundo digital são transnacionais, atuam de forma discreta e estão cada vez mais agressivas”, alerta Humberto Ribeiro, diretor da Aware.

A pesquisa classificou os testes em 19 categorias de risco cibernético para as empresas pesquisadas. E o resultado será apresentado de forma agregada pelos pesquisadores. “Essas empresas representam uma amostra da elite do ambiente brasileiro. Sendo assim, acreditamos que seus resultados de risco cibernético estejam bem melhores que a média geral do país”, explica Ribeiro.

Para o professor Rildo Ribeiro dos Santos, o alinhamento entre o aparato tecnológico disponibilizado pela Aware e as abordagens metodológicas e de pesquisa presentes na Universidade possibilita a realização de um estudo com essa amplitude de capacidade de coleta e análise de dados. A parceira Ciberlab, Aware, Finatec-UnB disponibiliza para a comunidade de instituições públicas e privada um ambiente de desenvolvimento de pesquisas na área de cibersegurança em geral, com especialização em prontidão cibernética.

Apicultura orgânica 4.0

Com apoio da Finatec, pesquisadores da UnB desenvolvem tecnologia que vai alavancar a produção do mel orgânico no DF e região e ainda ajudar a combater o perigoso risco de extinção das abelhas

Imagine ter, ao alcance das mãos, informações para decidir exatamente onde colocar as caixas de abelhas na propriedade para garantir a produção do mel orgânico, aumentar a renda do produtor e ainda preservar as abelhas. É nisso que pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) estão trabalhando. 

O projeto Apicultura Orgânica 4.0 (numa alusão à 4ª revolução industrial) está em fase final e é desenvolvido com apicultores do assentamento Chapadinha, na região do Lago Oeste, produtores da Fercal, em Sobradinho, e outro grupo na região de Anápolis, em Goiás. Ao todo são 45 produtores de mel. 

Coordenador do projeto, o professor Sanderson César Macedo Barbalho ressalta que os apicultores beneficiados terão a possibilidade de aumentar a renda porque o quilo do mel orgânico custa, em média, 50% a 100% a mais do que o tradicional. “Para ter a certificação de mel orgânico, não pode haver lavouras que usam agrotóxico, como as de soja, milho e algodão, num raio de 3km das caixas de abelha”, explica.

Para traçar o perímetro de segurança, os pesquisadores coletaram imagens com um drone que possui câmeras especiais para identificar qual é o local, dentro da propriedade, mais adequado para produzir o mel orgânico. “Isso porque as câmeras captam que tipo de vegetação e lavoura tem ao redor da propriedade. Processamos essas imagens e transferimos as informações para um aplicativo que pode ser acessado via celular”, conta. “Quando as pessoas perceberem que a abelha é rentável, elas vão tentar protegê-las. Hoje o que ocorre é um extermínio por conta dos venenos”.  

Segundo Sanderson, ainda há poucas informações sobre espécies do Cerrado, como aroeira, tamboril-do-cerrado, cipó-uva entre outras. E um dos desafios é, justamente, criar um banco de dados com a vegetação do bioma para enriquecer ainda mais as informações que serão disponibilizadas para os apicultores.

Certificação

Com esse dispositivo, caso o produtor de mel peça a certificação, quando o técnico chegar para avaliar, não precisa entrar em outras propriedades para se certificar que não há lavouras que usam agrotóxico no raio de 3km das colmeias. “Numa propriedade de 10 hectares o certificador teria que entrar em uma média de 10 propriedades vizinhas para avaliar se é ou não mel orgânico. Com o aplicativo, bastará ele colocar o drone do ar e saberá a localização das colmeias e o que tem em volta”, diz Sanderson.  

O Apicultura Orgânica 4.0 está sendo desenvolvido no Assentamento Chapadinha, no Lago Oeste, onde vivem 54 famílias e há 10 apicultores. Na região da Fercal são cinco apicultores envolvidos no projeto. E em Anápolis, há um grupo de 30.

Rota do Mel

Para o futuro, o Prof. Sanderson César espera expandir o uso do aplicativo para as regiões conhecidas como Rota do Mel no Pará, em Minas Gerais, na Bahia, Santa Catarina e São Paulo para aumentar a renda do apicultor por meio da certificação de mel orgânico

Ao todo, 16 pessoas trabalham no projeto que conta com um orçamento de R$ 1,3 milhão, recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, por meio do Instituto Internacional de Cooperação Agrícola. “Os recursos e contratos são geridos pela Finatec e isso reduz bastante o trabalho burocrático. Com isso, conseguimos focar na pesquisa”, elogia Sanderson César.

Além das fronteiras

O Apicultura 4.0 tem parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), um organismo internacional que trabalha com agricultura e sustentabilidade e está presente em 34 países das Américas. O IICA trabalha no desenvolvimento de soluções para questões hemisféricas, regionais e territoriais, aportando conhecimento internacional articulada com expertise local. Uma vez desenvolvidas essas ferramentas, elas podem ser adaptadas para a realidade de outros países, como é o caso do produto do projeto Apicultura 4.0.

Gestora do projeto pelo IICA, Romélia Souza explica que os polinizadores são extremamente relevantes como indicadores naturais de sustentabilidade. O projeto apoiado pelo IICA traz inovação, tecnologia e contato facilitado dessas ferramentas diretamente com o produtor rural, que é o beneficiário direto desta ação. “Apoiar esse projeto é apoiar toda uma plataforma de cooperação em favor da sustentabilidade brasileira e, quem sabe, usar esse conhecimento para além das fronteiras nacionais. Eventualmente, países vizinhos, como o Paraguai, a Colômbia, o Uruguai e an Argentina podem se interessar pela solução desenvolvida pelo projeto”, cita Romélia.

Romélia Souza destaca que o IICA trabalha em conjunto com os ministérios da Agricultura, da Integração e Desenvolvimento Regional e do Meio Ambiente e Mudança do Clima na agenda de polinizadores, além de outros Organismos Internacionais, como a Cooperação Alemã.

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