Projeto Conexão Mata Atlântica

ENTENDA O PROJETO

Uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu com os ciclos econômicos do país. No intuito de reverter o quadro, desde 2017 o projeto Recuperação e Proteção dos Serviços de Clima e de Biodiversidade no Corredor Sudeste da Mata Atlântica Brasileira – GEF Conexão Mata Atlântica – atua para mitigar as ameaças à fauna e à flora, bem como estimular boas práticas agropecuárias integradas à preservação do meio ambiente.

A iniciativa é fruto da parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), com recursos oriundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e gestão da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), o Conexão Mata Atlântica incentiva produtores rurais a adotarem ações de conservação e restauração ou adotam práticas produtivas mais sustentáveis. A empreitada abrange o corredor Sudeste do bioma e abrange os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Trata-se do primeiro projeto financiado por recursos internacionais, o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), através do BID, que a Finatec assume a gerência e coordenação geral. “O projeto conta com recursos que somam mais de 31 milhões de dólares no total. Desses, 11 milhões são apenas para o pagamento de PSA. O restante é dividido em outras ações, como o apoio à Cadeia de valor sustentável e Certificações”, explica a gerente do núcleo administrativo da Finatec, Maria Alcimar Aguiar.

“Os produtores rurais que aderem ao projeto precisam desenvolver uma série de benefícios para a propriedade e o meio ambiente. À medida que o agricultor age, os técnicos do projeto avaliam e, se comprovado o benefício, é feito o pagamento do PSA. O valor depende do estado, do tamanho da área e do tipo de melhoria, podendo chegar a até R$ 30 mil por ano. Como contrapartida, o recurso recebido deve ser investido na própria propriedade”, afirma Maria Alcimar.

Até maio deste ano, os três estados já contrataram 448 produtores rurais como prestadores de serviços ambientais e, consequentemente, garantiram a conservação de 5,5 mil hectares da Mata Atlântica. Além do PSA, o projeto Conexão Mata Atlântica também atua na capacitação de boas práticas agrícolas e pecuárias, cujo foco principal é a sustentabilidade. Desde o início do projeto, mais de 1.500 produtores já foram habilitados para correto manejo da água, do solo e desenvolvimento de práticas conservacionistas.

“No Rio, realizamos diversas atividades de difusão das práticas incentivadas pelo projeto por meio de cursos, palestras, dias de campo, mutirões e visitas técnicas para capacitação de técnicos parceiros e produtores rurais beneficiários. Além da assistência técnica realizada durante o monitoramento das ações nas propriedades, que orientam os produtores sobre a execução das ações propostas”, conta Gilberto Pereira, coordenador executivo do projeto no Rio de Janeiro.

Resultados
Segundo Maria Alcimar, o Conexão Mata tem como objetivo o aumento do estoque de carbono, a conservação da biodiversidade e a promoção da conectividade dos fragmentos florestais da Mata Atlântica, além de incentivar boas práticas com todo apoio técnico da equipe. “Os agricultores aprendem como melhorar a qualidade da água, a conservação do solo e qual matéria orgânica produzir para gerar melhor resultado na produção e geração de renda”, destaca.

Leandro Gonçalves é produtor no Sítio Santa Marta, localizado na microbacia Rio da Flores, em Valença, município do estado do Rio de Janeiro. Há cerca de três anos, preocupado com a redução do volume de água nas nascentes da região, o agricultor passou a direcionar o desenvolvimento da propriedade baseado em ações produtivas. Hoje, Gonçalves é reconhecido como prestador de serviços ambientais por proteger a área em torno das duas nascentes da propriedade, o que culminou em uma pequena floresta de cerca de 3 hectares.

Gonçalves explica as mudanças no Sítio: “Faltava incentivo técnico e financeiro para investir na propriedade. Nesse ponto, o projeto me ajudou a ter mais vontade de ficar no campo, me deu apoio técnico através de palestras e visitas in loco, onde me ensinaram técnicas para conservar o meio ambiente. Com a assistência do Conexão Mata Atlântica, aumentou a quantidade de água no sítio, melhorou a pastagem e a criação de gado. Dessa forma, também aumentou o meu produto final, o leite”.

Graças aos recursos provindos do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), o produtor pôde investir em segurança energética, adquirindo um gerador de energia elétrica para refrigeração dos produtos. “Desde a implantação do gerador, há menos desperdício de matéria-prima”, comentou. Ademais, Gonçalves também iniciou o desenvolvimento de uma agrofloresta com árvores nativas arbóreas, como palmito pupunha, uvaia, ameixa e juçara, onde antigamente havia um pasto de baixa produtividade.

Junto com Leandro, vários outros produtores dos três estados participantes já receberam um total de R$ 3.461.007,57 milhões pagos em PSA e R$ 153.000,00 pagos em Certificação. “Considero o Conexão Mata Atlântica até um programa social, porque muitos produtores rurais não sabiam como melhorar a produção e nós, com a nossa equipe técnica, ensinamos as práticas na própria propriedade. Os agricultores recebem cursos para melhorar a produtividade e a biodiversidade. Basicamente, os produtores recebem o reconhecimento e a valorização por meio dos recursos do PSA por preservarem os recursos naturais gerados na propriedade”, resumiu Maria Alcimar.

Para Pereira, um efeito importante é a sensibilização dos beneficiários frente à importância prática das ações ambientais. “Nas propriedades contempladas é constante a discussão e atenção quanto às nascentes, áreas de mata ciliar, fragmentos de mata. Ou seja, à medida que trabalham, vão dando maior valor aos serviços ecossistêmicos e sustentabilidade ambiental e econômica da propriedade, o que antes passava sem a menor importância”.

Mata Atlântica em perigo
Fonte de recursos naturais e de biodiversidade que beneficia grande parcela da população brasileira, a Mata Atlântica abrange área de aproximadamente 15% do território brasileiro. De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente, sendo que 80% está em área privada.

Trata-se de uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo e o bioma brasileiro que mais sofreu com os ciclos econômicos do país, uma vez que abriga a maioria das regiões metropolitanas do país e concentra grandes polos industriais, petroleiros e portuários do Brasil.

Apesar de reduzida, a Mata Atlântica está entre os cinco conjuntos de ecossistemas mais importantes para a conservação da biodiversidade do planeta. O bioma contribui significativamente para a redução de gás carbônico (CO2) na atmosfera, bem como é fonte de alimentos e água para abastecimento público.

Felizmente há uma importante área da floresta em Unidades de Conservação e Reservas Legais. Contudo, vale lembrar que a maior parte está localizada em áreas rurais privadas. Portanto, os produtores são, sem dúvida, agentes fundamentais para a preservação dos recursos naturais remanescentes da Mata Atlântica, bem como para mantimento das espécies – vegetal e animal – nativas.

De acordo com o coordenador executivo do Conexão Mata Atlântica no Rio de Janeiro, até o momento o projeto incentivou no estado diversas áreas florestais, cercadas ou protegidas, contra o risco de fogo, “reflorestamento de espécies nativas, que favorecessem a conectividade de fragmentos florestais, ou condução de regeneração natural e cerca de conversão produtiva, totalizando mais de 2.000 hectares manejados e recompensados pelo projeto”, finalizou.

Metas
Previsto para finalizar em 2021, o projeto prevê realizar mais de 2.280 contratos de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, além de reconhecer cerca de 25 mil hectares pela conservação e restauração ecológica. Em Minas Gerais, por sua vez, o objetivo é recuperar mais de mil hectares de terras degradadas por meio da capacitação de mais de três mil produtores rurais.

No estado de São Paulo, o projeto Conexão Mata Atlântica também oferece assistência técnica para mais de 1.300 pequenos produtores, bem como apoia 160 produtores na certificação de produtos e propriedades e, por fim, beneficia outros 180 com suporte no desenvolvimento de cadeias de valor sustentável.

“Tivemos uma audiência com o BID – que já sinalizou apoio – e o Convênio será prorrogado por, pelo menos, mais dois anos. A natureza não responde imediatamente às boas práticas adotadas, no entanto, já é visível o aumento da área preservada graças ao projeto”, finalizou Maria Alcimar Aguiar, gerente do núcleo administrativo da Finatec.

Análise e projeto de sistema de corte para manutenção de jardins

ENTENDA O PROJETO

De novembro a fevereiro, os gramados da capital crescem com uma taxa de 3-4mm por dia. O aparo da grama, corte de árvores e manutenção dos jardins públicos é responsabilidade da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Em geral, o serviço é terceirizado por empresas como a EBF Indústria, Comércio e Serviços Ltda, que fornecem as máquinas agrícolas adaptadas e fazem a execução do trabalho. Para propor melhorias, pesquisadores da UnB, em parceria com a Finatec e recursos da EBF desenvolveram a pesquisa “Análise e projeto de sistema de corte para manutenção de jardins”.

De forma específica, o projeto propõe soluções de engenharia mais adequadas ao relevo e as condições de serviço no DF. O foco de melhoria é em uma roçadeira do tipo flail mower – máquina utilizada para manutenção das margens de estradas e de campos em zonas urbanas -. “O maquinário utilizado foi projetado para uso rural e não para manutenção de áreas urbanas. Ele foi adaptado, mas não possui desempenho ideal”, afirmou o Prof. Thiago Doca, coordenador do projeto.

Pedras, entulhos e galhos são comumente encontrados no relevo acidentado do DF. Tais objetos danificam as máquinas e comprometem a eficiência dos serviços. Mudanças como redução de peso, aumento da eficiência de corte e diminuição do consumo de combustível podem elevar consideravelmente a qualidade do trabalho, além de garantir sustentabilidade.

O pesquisador explicou que o objetivo é desenvolver máquinas próprias que são ideais para o uso no relevo típico do Cerrado, bem como adaptáveis com as condições de serviço e tipo de gramíneas. Vigente desde novembro de 2018, o projeto gerenciado pela Finatec já produziu conhecimento técnico e contribuiu na formação de dois engenheiros, um mestre, além de publicações em congressos científicos.

Áreas verdes do DF
O Distrito Federal possui uma extensa área verde com cerca de 4 milhões de árvores plantadas, além da presença de canteiros ornamentais, parques e jardins. A diversidade de cores e espécies nativas contribui para a beleza da cidade ao mesmo tempo que purifica o ar, proporciona sombra, melhora a umidade, diminui ruídos e impactos sonoros.

As diversas espécies nativas do Cerrado compõem o cenário verde da capital, com árvores como como ipês, quaresmeiras, aroeiras, copaíbas e sucupiras. Em variedade, o bioma só perde para a flora da Região Amazônica. Todos esses locais demandam constante manutenção ao longo do ano para manter a beleza e a funcionalidade.

Laboratório Aberto de Brasília (LAB)

ENTENDA O PROJETO

Inserir estudantes de tecnologia na Indústria 4.0 auxilia no desenvolvimento de habilidades e competências primordiais para os profissionais do futuro. Pensando nisso, a Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Finatec e o Senai desenvolveu o projeto de extensão Laboratório Aberto de Brasília (LAB). A iniciativa, que funciona desde outubro de 2017, visa apoiar alunos, professores e a comunidade na elaboração de projetos que envolvam fabricação digital, incluindo a Impressão 3D.

O LAB é formado por uma equipe multidisciplinar envolvendo alunos de graduação e de pós-graduação de diversos cursos. A coordenação é feita pelas professoras Andréa Cristina dos Santos – Departamento de Engenharia de Produção – e Dianne Magalhães – Departamento de Mecânica, além de contar com a participação de professores do Campus UnB Gama e Ceilândia.

O foco do espaço é trazer demandas de problemas reais, para que os integrantes do projeto possam desenvolver competências de trabalho em equipe, inseridos em um ambiente que simula a indústria do futuro. Vale ressaltar que o LAB, além de receber a comunidade interna da universidade, atende também outras instituições e clientes que desejam desenvolver uma solução.

“Fazemos parcerias com professores que gostariam de apoio para inovar em suas disciplinas, por isso incentivamos a levar as turmas para desenvolver algum projeto no LAB. Para tanto, realizamos uma aula junto a turma sobre manufatura aditiva, prototipagem, bem como o funcionamento das impressoras 3D. Depois, abrimos a agenda para os estudantes iniciarem o projeto e aprender o processo na prática”, explicou Jéssica Mendes, aluna de pós-graduação em Sistemas Mecatrônicos e integrante do Laboratório Aberto de Brasília.

Já os principais clientes sem vínculo com a UnB são startups, empreendedores e inventores. Nesse caso, são realizadas prestações de serviços, como horas de impressão 3D e apoio técnico, uma vez que o LAB dispõe de seus recursos humanos para desenvolver o projeto para o cliente. “A equipe interna do laboratório desenvolve projetos internos e cuida das demandas externas. Em caso de turmas da UnB no LAB, o professor da disciplina é que fica à frente do projeto, nossa equipe dá apenas o suporte”, esclareceu Mendes.

Máquinas
Além de abrir o espaço a professores, alunos e o público externo, o LAB realiza também projetos internos. Neste contexto, as máquinas disponibilizadas podem ter acesso livre, com regras claras de uso e monitoramento.

O desenvolvimento de uma fresadora CNC (Controle Numérico Computadorizado) – máquina equipada com fresas e controlada por um computador – foi um dos projetos internos desenvolvidos pelos integrantes do Laboratório, envolvendo alunos dos cursos de engenharia mecatrônica e engenharia mecânica. A partir dela, os estudantes podem trabalhar com materiais de marcenaria e construir várias peças.

As máquinas de impressão 3D são as que mais chamam atenção no LAB. As peças produzidas envolvem desde objetos de decoração, kits didáticos, protótipos funcionais, até mesmo produtos finais customizados. Muitos dos projetos, além da Impressão 3D, envolvem também as áreas de conhecimento de sistemas embarcados e visão computacional.

“Os projetos do LAB demandam alunos de várias áreas de conhecimento que trabalham em conjunto para buscar soluções. São projetos que mesclam protótipos de impressão 3D, eletrônica, programação e tudo mais. As soluções envolvem integração de áreas de conhecimento distintas”, comentou a mestranda em sistemas mecatrônicos da UnB.

Indústria do Futuro
Uma das novidades da Indústria 4.0 é a manufatura aditiva. Trata-se do conjunto de tecnologias de impressão 3D que produzem objetos a partir de modelos digitais. A integrante do LAB ressaltou que a introdução da tecnologia na universidade prepara os alunos para o mercado de trabalho. “Sabemos que a indústria do futuro demanda profissionais com habilidades intrapessoais, então o LAB está focado em colocar os estudantes em contato com problemas e projetos reais, além de trabalhar com uma equipe multidisciplinar para desenvolver todas as competências”.

Para garantir uma experiência positiva entre os estudantes, o espaço segue a ideia do Makerspace, ou seja, uma espécie de laboratório comunitário que estimula a troca de conhecimento entre as diferentes áreas. Ademais, o LAB também presta consultoria técnica no desenvolvimento de projetos, treinamentos, palestras, workshops e minicursos, contribuindo para a formação completa do estudante, cujo foco principal é o desenvolvimento das habilidades necessárias para atender a Indústria do Futuro.

O LAB abre o processo seletivo para os alunos da UnB todo o semestre, o aluno ao ingressar no espaço, passa por um processo de integração, e cursa uma ou mais disciplinas envolvendo as áreas de desenvolvimento de produtos. Nestas disciplinas é empregada a metodologia de aprendizagem ativa – Project Based Learning, ou aprendizagem baseada em projeto, na qual, a equipe de alunos tem que desenvolver uma solução para um problema real no período de 15 semanas.

Além disso, durante o período no LAB, o aluno se envolve em atividades na disseminação de conhecimentos, como cursos e palestras sobre a tecnologia de Impressão 3D para comunidade. Também aprendem a realizar atendimento ao cliente e gestão das atividades cotidianas do espaço, como procedimentos de segurança e operação e manutenção do espaço do trabalho.

O Laboratório Aberto de Brasília está localizado na Unidade de Laboratórios de Ensino de Graduação, dentro da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h.

Inclusão, Educação e Psicologia: mediações possíveis na escola e na universidade

ENTENDA O PROJETO

Ambientes educativos, dentre outros aspectos, devem ser inclusivos, uma vez que o conhecimento é um direito de todos. Nesse sentido, é dever do professor e da escola proporcionar espaços e contextos de aprendizagem concebidos a partir da diversidade. E para apoiar a criação desses ambientes, o projeto Inclusão, Educação e Psicologia: mediações possíveis na escola e na universidade desenvolve ações interventivas com estudantes com deficiências, transtornos e/ou altas habilidades, bem como promove cursos formativos para docentes, tendo como foco a inclusão.

Realizado desde julho de 2017, o projeto é viabilizado graças à parceria entre a Universidade de Brasília (UnB), a FAP-DF e a Finatec. “Nosso trabalho consiste em desenvolver, executar e avaliar recursos didáticos e estratégias de ensino, bem como formar professores. Também permitimos a vivência do chão da escola em diferentes espaços formais de aprendizagem para estudantes de licenciatura”, explicou a coordenadora do projeto, Professora Juliana Eugênia Caixeta.

Com uma equipe composta por 42 pessoas – estudantes de graduação, pós e professores -, a pesquisa tem caráter interventivo, ou seja, é idealizada a partir dos problemas identificados pelas comunidades locais. São mais de 20 subprojetos desenvolvidos com pessoas com deficiência, altas habilidades e transtornos, cujo objetivo é a promoção da inclusão escolar.

A premissa é de que a atuação conjunta entre universidade e instituições pode gerar contextos educativos positivos, de modo a influenciar na formação de profissionais aptos a desenvolverem um ambiente de inclusão. Não só isso, as atividades educativas do projeto garantem um conjunto de oportunidades formativas a pessoas com deficiências, transtornos e/ou altas habilidades, incentivando a continuidade dos estudos.

Atendimento Educacional Especializado
“Para ajudar estudantes com deficiência a ingressar no ensino superior, começamos a trabalhar conteúdos nas áreas de Ciências para o Enem. Com o decorrer do tempo, só uma estudante com diagnóstico de deficiência intelectual permaneceu no projeto. Continuamos as atividades até a realização do Enem, no qual a estudante foi aprovada em uma instituição pública. Atualmente, continuamos nossa atuação com ela em um atendimento individual, em que a auxiliamos com os conteúdos que ela apresenta dificuldade”, comentou Mayra Mangueira, bolsista do projeto até se formar em Ciências Naturais pela UnB.

O relato se refere ao subprojeto Atendimento Educacional Especializado na Educação Superior. Trata-se de um exemplo de ação desenvolvida pela pesquisa Inclusão, Educação e Psicologia, cujo objetivo é desenvolver atividades pedagógicas preparatórias para o Enem. Além do ensino de Ciências, há também ações com foco no ensino em matemática, educação para a sexualidade, raça e violência na escola.

Além das atividades voltadas a preparar o estudante para ingressar no ensino superior, há também projetos aplicados dentro das escolas com foco na promoção da cultura da paz, como é o caso do Combate ao bullying no contexto escolar inclusivo em parceria com o Projeto Diversidade na Escola. Quando boas ações se encontram, os resultados da ação não tardam a aparecer: houve mudanças nos índices alcançados pela escola, como aumento da aprovação e diminuição da taxa de evasão. “Isso significa que a escola é acolhedora e inclusiva, fazendo com que o aluno queira ficar e terminar os estudos”, comentou Alexandre Magno Brito, professor de História e colaborador do projeto no Centro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina.

“Vemos o resultado da atividade de combate ao bullying no colégio, mas também notamos nas relações interpessoais dos alunos. Eles se reconhecem a partir da autonomia que encontram no projeto, de modo a se empoderarem, saberem quem são e o lugar de cada um no mundo. Tudo isso dentro de um processo de empatia.”, notou Brito. E completou: “Quem participa desse projeto sai mais humanizado. É um processo de carinho e entrega pelo outro que ajuda não só o estudante, mas também o professor”.

Formação de professores
“Quais competências, conhecimentos e habilidades o docente deve ter para a prática da inclusão nos diferentes espaços de aprendizagem? É isso que nosso trabalho deseja saber”, salientou a coordenadora do projeto. No intuito de preparar o professor para a sala de aula inclusiva, foram realizados nove cursos de formação. Os temas variaram de educação inclusiva, educação moral, habilidades sociais, formação e atuação docente.

A partir dos cursos, foi possível criar indicadores de qualidades essenciais para a educação inclusiva. “Para ensinar a todos, os professores conhecem os pressupostos filosóficos e legais da inclusão e os usam tanto nas argumentações com os diferentes colegas e famílias quanto nas ações que exigem flexibilização de estratégias de ensino: adequação curricular, que implica em: atividades; recursos didáticos e tempos e espaços possíveis de intervenção pedagógica”, comentou Juliana Eugênia Caixeta.

O supervisor e pesquisador no projeto Inclusão, educação e psicologia, Samuel Loubach, ressalta que é necessário criar contextos inclusivos em que pensamentos de exclusão não possam suceder no meio de trabalho. “Então tentamos desenvolver formas pedagógicas de atingir as pessoas de acordo com a demanda de cada um. Ademais, criamos redes de apoio entre diversas pessoas e institutos, de modo a potencializar nossas ações”.

A coordenadora Juliana Caixeta observou que há uma atuação colaborativa em que o diálogo é fundamental. “Na inclusão, não temos respostas prontas: faça isso ou faça aquilo, nós temos pressupostos que nos orientam. Também sabemos que o diálogo da equipe que atua na escola, professores da educação básica, estudantes e docentes da universidade, é essencial para que possamos gerar os contextos de ensino promotores de inclusão. Há uma atuação de parceria e de respeito”, concluiu.

A formação de professores e a atividade em campo com alunos com deficiências, com transtornos ou com altas habilidades proporcionam uma experiência completa em prol da inclusão educativa. Os aprendizados e experiências são inúmeros e, juntos, ajudam a definir as competências necessárias à prática da inclusão. A pedagoga e colaboradora do projeto, Talyta Marcello, ressaltou a importância de construções coletivas e da organização pedagógica para melhor atender os estudantes e criar oportunidades a eles.

“Além disso, considero fundamentais as oportunidades que os projetos de extensão possibilitam para que a universidade trabalhe em conjunto com a comunidade, como uma via de mão dupla em que um apoia o outro. Ademais, consolidou-se a compreensão de cursos de licenciatura oferecerem aos estudantes a constante reflexão teórico-prática, por meio de ações voltadas para o contato com as demandas reais dos educandos”, finalizou a pedagoga.

Surdez, bilinguismo e inclusão nas escolas públicas do Distrito Federal: entre o dito, o pretendido e o feito

ENTENDA O PROJETO

Como é o ensino bilíngue para surdos dentro de escolas inclusivas? Por que é alta a taxa de evasão de alunos com problemas de audição? Em contexto escolar inclusivo e multifacetado, estudantes surdos passam despercebidos entre outros alunos especiais. No intuito de dar visibilidade e analisar as práticas educativas voltadas a esse público, o Grupo de Estudos Críticos e Avançados em Linguagem (GECAL), desenvolveu um projeto para analisar a chamada prática de bilinguismo ou educação bilíngue para surdos, que tem sido implantada em escolas da rede pública do Distrito Federal que trabalham com a proposta de inclusão.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e gerenciado pela Finatec, o projeto ‘Surdez, bilinguismo e inclusão nas escolas públicas do Distrito Federal: entre o dito, o pretendido e o feito’ visa problematizar as tensões na educação para surdos, bem como analisar a prática do bilinguismo em duas escolas inclusivas da rede pública do DF: Elefante Branco e Escola Bilíngue de Taguatinga. “Uma coisa é uma instituição se dizer bilíngue para surdos, outra é verificar se ela realmente o é”, comentou o coordenador do projeto, o professor doutor do Departamento de Linguística da UnB, Kleber Aparecido da Silva.

O foco da pesquisa se deu a partir da curiosidade em entender como trabalham professores que atuam em escolas bilíngues e inclusivas, cuja proposta é agrupar em uma mesma sala indivíduos com necessidades variadas. Para estudantes surdos, a oferta da educação bilíngue (português e Libras) surge como a opção ideal. Na prática, no entanto, ainda é preciso aprimorar as abordagens e métodos de ensino e a comunicação entre ouvintes e surdos.

“Ao mesmo tempo que pensamos na qualidade do ensino inclusivo para surdos, também prezamos pela formação do professor para atuar de forma abrangente. Assim, nosso foco é ajudar a ressignificar o ensino naquele dado contexto social”, explicou o professor Kleber Aparecido da Silva, que atua na formação inicial e contínua de professores de português como segunda língua no intuito de promover uma educação acessível e de melhor qualidade para todos.

Bilinguismo
Para se entender melhor a educação bilíngue para surdos, é preciso compreender o significado do termo ‘bilíngue’ neste contexto. “O emprego do termo é amplamente associado, literalmente, ao sujeito que usa duas línguas. Em ambiente escolar inclusivo, trata-se de muito mais do que alfabetizar e letrar atráves do uso da Libras e do português”, esclareceu o professor do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da UnB.

Nas escolas inclusivas analisadas, entretanto, notou-se que grande parte dos professores regulares não possuíam conhecimento da Libras. Essa era intercalada com a fala ou superpostas a ela, de modo a serem recursos complementares. Os docentes ouvintes da sala de aula de apoio, por sua vez, fizeram um curso básico de Libras. “As atividades pedagógicas eram realizadas na forma de sinais isolados ou alternados com a fala. Tais professores não tinham uma vivência linguística e cultural propriamente dita”, comentou Kleber Aparecido da Silva.

Ter noção, portanto, do significado de bilinguismo para surdos auxilia na implantação de uma prática escolar apropriada e na formação adequada dos professores – um dos objetivos do projeto. Assim, escolas ditas bilíngues poderão, de fato, ter um trabalho pedagógico inclusivo para o público surdo e garantir o sucesso escolar desse público.

No intuito de transformar o ensino para surdos, o professor Kleber Aparecido da Silva e outros colegas da UnB já preparam o profissional do futuro: “Eu levo meus alunos de português como segunda língua para entrar nessas escolas e compreender, por meio de estágio supervisionado e atividades pedagógicas, a necessidade de ressignificar o processo de aprendizagem naquele contexto social, a partir de um olhar crítico-reflexivo”. Isso se dá, porque o projeto está inserido dentro da proposta de pesquisa-ação, ou seja, há o contato direto com os alunos e o corpo docente, visando uma transformação social.

“O diálogo entre universidade e escola é o grande diferencial do projeto. Nós aprendemos enormemente com os professores que atuam na educação bilíngue para surdos. Assim, podemos criar condições para que alunos e professores tenham um senso crítico e uma consciência linguística e cultural de respeito à diversidade e ao próximo”, completou.

Ensino bilíngue no Brasil
O projeto de educação bilíngue para surdos no Distrito Federal ganhou tal destaque, que a CAPES expandiu a pesquisa-ação para todo o Brasil, de modo a ser considerado um dos melhores projetos do país na área de direitos humanos e diversidades. “Hoje, temos projetos em todas as regiões do Brasil para avaliar como está a educação bilíngue para surdos. Nosso propósito é trabalhar a educação bilíngue em diferentes contextos”, comemorou o professor doutor do Departamento de Linguística da UnB.

Ademais, Kleber conta que os resultados deste projeto podem contribuir para o “Libras Gov – Sinalizando em Língua de Sinais Brasileira os espaços, contextos e expressões governamentais”, programa que deseja tornar acessível a informação para comunidade surda e também para outras iniciativas do Governo Federal. “Nossa maior satisfação é poder contribuir para a construção de uma política propositiva. Trata-se de uma mola propulsora para o respeito e à diversidade da comunidade surda”, finalizou o professor Kleber Aparecido da Silva.

Os resultados deste projeto podem contribuir com subsídios teóricos, práticos e/ou metodológicos para a (trans)formação de cidadãos críticos e reflexivos, que agem para a convivência em sociedade, com respeito ao aluno surdo, respeitando a diversidade e enfrentando todas as formas de preconceitos e de discriminação. Assim, a pesquisa alinha-se aos princípios norteadores do “Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade e da Cultura de Paz e Direitos Humanos” proposto pela CAPES.

Sobre a parceria com a Finatec, professor do Departamento de Linguística da UnB comemora: “A Finatec é nossa parceira e mãe acolhedora. Sempre que precisamos a Fundação sede o espaço para a realização de nossas pesquisas e eventos acadêmico-científicos”.

Programa Permanente de Extensão UnB Idiomas

ENTENDA O PROJETO

O Programa Permanente de Extensão UnB Idiomas atua desde 2009 oportunizando a aprendizagem e/ou aquisição de várias línguas para a comunidade da Universidade de Brasília e do Distrito Federal. “O objetivo principal é democratizar o acesso ao ensino e à aprendizagem de língua estrangeira”, conforme explicou o coordenador do projeto Gleiton Malta.

O UnB Idiomas é considerado o maior Programa Permanente de Extensão da Universidade de Brasília, atendendo mais de 50 mil pessoas desde a sua criação. Para melhor executar as atividades, em 2017, o programa compartilhou a gestão administrativa e financeira com a Finatec, que se responsabiliza por uma coordenação transparente e eficiente, além de garantir maior segurança trabalhista a participantes e instrutores do projeto.

“O papel da Finatec é contribuir tanto com a contratação de pessoal quanto com as compras que o programa precisa. Assim que a parceria foi firmada, nós já começamos a lançar os editais para contratação de professores, instrutores e pessoal do administrativo. Assim, garantimos a manutenção do programa com qualidade”, comentou Malta.

Cursos
O UnB Idiomas atende uma demanda anual de cerca de 15 mil alunos divididos em 14 cursos de idiomas. São eles: alemão, árabe, coreano, espanhol, esperanto, francês, grego moderno, hebraico, inglês, italiano, japonês, mandarim, russo e turco. O projeto também oferta formação em libras, audiodescrição, entre outros cursos temáticos.

O coordenador ressalta que o UnB Idiomas não é uma escola, mas um programa de línguas. Ou seja, além de cursos regulares, o programa também engloba áreas como a tradução e as Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação (LEA-MSI).

Atualmente o programa é composto por seis grandes projetos: (i) cursos abertos e sequenciais ofertados de forma contínua; (ii) cursos corporativos de idiomas, que atendem órgãos do Governo Federal e outras instituições; (iii) Projeto de Estágio Supervisionado, para que estudantes de licenciatura em línguas tenham ambiente real para a prática da docência e da pesquisa no âmbito da Linguística Aplicada,; (iv) Núcleo de Acessibilidades, com oferta de libras e audiodescrição; (v) Cursos temáticos e de Tradução; e, por fim, (v) o Núcleo de Ensino e Pesquisa de Português para Estrangeiros, cujo objetivo é atender a comunidade estrangeira e órgãos ligados à causa além de fomentar a pesquisa na área do português como segunda língua/estrangeira/de herança/etc.

Pesquisa e extensão
Para se consagrar como projeto de extensão e de produção científica, o ambiente de ensino de idiomas serve também como um laboratório multilinguístico extremamente rico para pesquisa. “Não faria sentido ter um programa de tamanha envergadura na universidade sem que nós, pesquisadores, pudéssemos explorar esse ambiente”, comentou o coordenador do UnB Idiomas.

“Nosso trabalho, enquanto pesquisadores, é observar, descrever, propor metodologias, aplicá-las; e o ambiente que o UnB Idiomas oferece é ideal para a realização de pesquisas, principalmente, na área da Linguística Aplicada. Esses estudos, por sua vez, retroalimentam o fazer pedagógico dentro do próprio programa”, esclareceu Malta. Desse modo, o programa reforça a responsabilidade da universidade em contribuir com projetos que beneficiem a comunidade como um todo, além de aproximar a instituição do público externo.

Desenvolvimento, avaliação e aplicação de inovações para uso no ambiente do Sistema Único de Saúde (SUS) – Caso Modal 3TS

Entenda o Projeto

Você sabia que instituições e empresas podem contar com a Finatec em busca de solução de problemas?

Este é o caso do projeto “Desenvolvimento, avaliação e aplicação de inovações para uso no ambiente do Sistema Único de Saúde (SUS) – Caso Modal 3TS”, solicitado pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (GO).
À frente da iniciativa está a professora da UnB Gama Suélia Rosa, que compareceu à visita técnica no último dia 15/12 na capital goiana, para apresentar os resultados da pesquisa. A proposta do projeto é digitalizar e sistematizar serviços do SUS como o cartão nacional de vacinação.

Inicialmente, a solicitação da secretária de Saúde da cidade, Fátima Mrué, foi uma catalogação dos usuários do SUS no município – quem são, onde vivem e onde estão sendo atendidos. Depois, a professora Suélia criou uma carteira de imunização digital, que vai compilar todos os dados de vacinação do usuário.

Por fim, o projeto ainda criou o SOS SUS, um sistema inteligente que usa life learning e machine learning para observar, categorizar e informar acidentes de trânsito de acordo com o grau de gravidade. Assim, o atendimento de ambulâncias passa a priorizar, por exemplo, um ciclista atropelado em vez de uma batida em que ninguém se feriu. Esta etapa da pesquisa foi realizada em parceria com o Detran-GO.

Todo o projeto foi patenteado pela Prefeitura de Goiânia e será implementado a baixos custos nos próximos meses. Os totens de autoatendimento desenvolvidos pela professora Suélia, por exemplo, vão custar ao Estado apenas 4% do valor de mercado.

O projeto conta com o apoio e a gestão da Finatec, que prima pelo desenvolvimento ágil do trabalho: a entrega foi realizada em um tempo menor que o esperado pela Secretaria!

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