Casos de sucesso

  • Casos de Sucesso
  • /
  • Inclusão, Educação e Psicologia: mediações possíveis na...

Inclusão, Educação e Psicologia: mediações possíveis na escola e na universidade

ENTENDA O PROJETO

Ambientes educativos, dentre outros aspectos, devem ser inclusivos, uma vez que o conhecimento é um direito de todos. Nesse sentido, é dever do professor e da escola proporcionar espaços e contextos de aprendizagem concebidos a partir da diversidade. E para apoiar a criação desses ambientes, o projeto Inclusão, Educação e Psicologia: mediações possíveis na escola e na universidade desenvolve ações interventivas com estudantes com deficiências, transtornos e/ou altas habilidades, bem como promove cursos formativos para docentes, tendo como foco a inclusão.

Realizado desde julho de 2017, o projeto é viabilizado graças à parceria entre a Universidade de Brasília (UnB), a FAP-DF e a Finatec. “Nosso trabalho consiste em desenvolver, executar e avaliar recursos didáticos e estratégias de ensino, bem como formar professores. Também permitimos a vivência do chão da escola em diferentes espaços formais de aprendizagem para estudantes de licenciatura”, explicou a coordenadora do projeto, Professora Juliana Eugênia Caixeta.

Com uma equipe composta por 42 pessoas – estudantes de graduação, pós e professores -, a pesquisa tem caráter interventivo, ou seja, é idealizada a partir dos problemas identificados pelas comunidades locais. São mais de 20 subprojetos desenvolvidos com pessoas com deficiência, altas habilidades e transtornos, cujo objetivo é a promoção da inclusão escolar.

A premissa é de que a atuação conjunta entre universidade e instituições pode gerar contextos educativos positivos, de modo a influenciar na formação de profissionais aptos a desenvolverem um ambiente de inclusão. Não só isso, as atividades educativas do projeto garantem um conjunto de oportunidades formativas a pessoas com deficiências, transtornos e/ou altas habilidades, incentivando a continuidade dos estudos.

Atendimento Educacional Especializado
“Para ajudar estudantes com deficiência a ingressar no ensino superior, começamos a trabalhar conteúdos nas áreas de Ciências para o Enem. Com o decorrer do tempo, só uma estudante com diagnóstico de deficiência intelectual permaneceu no projeto. Continuamos as atividades até a realização do Enem, no qual a estudante foi aprovada em uma instituição pública. Atualmente, continuamos nossa atuação com ela em um atendimento individual, em que a auxiliamos com os conteúdos que ela apresenta dificuldade”, comentou Mayra Mangueira, bolsista do projeto até se formar em Ciências Naturais pela UnB.

O relato se refere ao subprojeto Atendimento Educacional Especializado na Educação Superior. Trata-se de um exemplo de ação desenvolvida pela pesquisa Inclusão, Educação e Psicologia, cujo objetivo é desenvolver atividades pedagógicas preparatórias para o Enem. Além do ensino de Ciências, há também ações com foco no ensino em matemática, educação para a sexualidade, raça e violência na escola.

Além das atividades voltadas a preparar o estudante para ingressar no ensino superior, há também projetos aplicados dentro das escolas com foco na promoção da cultura da paz, como é o caso do Combate ao bullying no contexto escolar inclusivo em parceria com o Projeto Diversidade na Escola. Quando boas ações se encontram, os resultados da ação não tardam a aparecer: houve mudanças nos índices alcançados pela escola, como aumento da aprovação e diminuição da taxa de evasão. “Isso significa que a escola é acolhedora e inclusiva, fazendo com que o aluno queira ficar e terminar os estudos”, comentou Alexandre Magno Brito, professor de História e colaborador do projeto no Centro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina.

“Vemos o resultado da atividade de combate ao bullying no colégio, mas também notamos nas relações interpessoais dos alunos. Eles se reconhecem a partir da autonomia que encontram no projeto, de modo a se empoderarem, saberem quem são e o lugar de cada um no mundo. Tudo isso dentro de um processo de empatia.”, notou Brito. E completou: “Quem participa desse projeto sai mais humanizado. É um processo de carinho e entrega pelo outro que ajuda não só o estudante, mas também o professor”.

Formação de professores
“Quais competências, conhecimentos e habilidades o docente deve ter para a prática da inclusão nos diferentes espaços de aprendizagem? É isso que nosso trabalho deseja saber”, salientou a coordenadora do projeto. No intuito de preparar o professor para a sala de aula inclusiva, foram realizados nove cursos de formação. Os temas variaram de educação inclusiva, educação moral, habilidades sociais, formação e atuação docente.

A partir dos cursos, foi possível criar indicadores de qualidades essenciais para a educação inclusiva. “Para ensinar a todos, os professores conhecem os pressupostos filosóficos e legais da inclusão e os usam tanto nas argumentações com os diferentes colegas e famílias quanto nas ações que exigem flexibilização de estratégias de ensino: adequação curricular, que implica em: atividades; recursos didáticos e tempos e espaços possíveis de intervenção pedagógica”, comentou Juliana Eugênia Caixeta.

O supervisor e pesquisador no projeto Inclusão, educação e psicologia, Samuel Loubach, ressalta que é necessário criar contextos inclusivos em que pensamentos de exclusão não possam suceder no meio de trabalho. “Então tentamos desenvolver formas pedagógicas de atingir as pessoas de acordo com a demanda de cada um. Ademais, criamos redes de apoio entre diversas pessoas e institutos, de modo a potencializar nossas ações”.

A coordenadora Juliana Caixeta observou que há uma atuação colaborativa em que o diálogo é fundamental. “Na inclusão, não temos respostas prontas: faça isso ou faça aquilo, nós temos pressupostos que nos orientam. Também sabemos que o diálogo da equipe que atua na escola, professores da educação básica, estudantes e docentes da universidade, é essencial para que possamos gerar os contextos de ensino promotores de inclusão. Há uma atuação de parceria e de respeito”, concluiu.

A formação de professores e a atividade em campo com alunos com deficiências, com transtornos ou com altas habilidades proporcionam uma experiência completa em prol da inclusão educativa. Os aprendizados e experiências são inúmeros e, juntos, ajudam a definir as competências necessárias à prática da inclusão. A pedagoga e colaboradora do projeto, Talyta Marcello, ressaltou a importância de construções coletivas e da organização pedagógica para melhor atender os estudantes e criar oportunidades a eles.

“Além disso, considero fundamentais as oportunidades que os projetos de extensão possibilitam para que a universidade trabalhe em conjunto com a comunidade, como uma via de mão dupla em que um apoia o outro. Ademais, consolidou-se a compreensão de cursos de licenciatura oferecerem aos estudantes a constante reflexão teórico-prática, por meio de ações voltadas para o contato com as demandas reais dos educandos”, finalizou a pedagoga.

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support