Finatec sedia o VII Seminário Internacional de Política Social

Primeiro dia de seminário, em 03/07/2024

A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) sediou na última semana o VII Seminário Internacional de Política Social (SIPS), organizado pelo Programa de Pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB). O evento durou três dias e contou com a participação de professores, mestres e doutores que palestraram sobre os desafios para a política social e a democracia no capitalismo tardio: tecnologia, corporações, desinformação e o avanço da direita. 

A socióloga e estudante de mestrado em política social, Mariane Ribeiro de Almeida, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, veio de outro estado apenas para participar do evento. Para ela, ter vindo de longe foi satisfatório. “O diálogo presencial com professores, que a gente conhecia somente pelo nome e por seus trabalhos na área, agrega e amplia novos conhecimentos aos nossos estudos”, pontua.

Para o estudante de serviço social da UnB, Felipe Barbosa, o encontro foi muito proveitoso e interessante. Entre os palestrantes, ele destaca a participação da professora mestre e doutora em ciência política, a americana Jodi Dean, do Departamento de Ciência Política da Hobart e William Smith Colleges, de Nova Iorque. “A visão sobre o neofeudalismo, apresentada por ela, reafirma que esse modelo de concentração de poder aumenta ainda mais a discrepância entre ricos e pobres”, explica ele.

Esta é a sétima edição do SIPS, suspenso desde 2020 em função da pandemia de covid-19. A organização do evento esperava pelo menos 300 participantes, no entanto, o número de inscrições chegou a 450, bem acima do esperado. Ao longo dos três dias também foram realizados minicursos e com temas variados, como gênero e sexualidade, raça, envelhecimento e cuidado, que também despertaram a atenção dos participantes. 

O que é a Finatec?

O que é a Finatec, o que ela faz, qual o papel de uma Fundação de Apoio? Essas e outras questões vão ser esclarecidas pelo setor de Comunicação da Finatec, que inicia a partir desta semana, a publicação de uma série de informações jornalísticas sobre o assunto. Nessa primeira parte vamos conhecer a Finatec sobre a ótica de seu idealizador, professor Manoel Antônio, da Departamento de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB).

Após enfrentar todas as adversidades e mais um cenário de crise política e econômica a Finatec é criada em 1992

Instituição jurídica de direito privado sem fins lucrativos é referência nos serviços prestados pela comunidade acadêmica

Em mais de 30 anos de atuação a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) – Instituição jurídica de direito privado e sem fins lucrativos, da Universidade de Brasília (UnB), tem prestado relevantes serviços à comunidade acadêmica e aos seus parceiros na área de pesquisa e
inovação.

Nesse período, de mais de três décadas, a Finatec abraçou mais de oito mil projetos, 197 financiadores, além de cinco instituições apoiadas. Em 2023, aFundação apresentou um dos melhores resultados desde a sua criação, quando obteve. cerca de R$ 200 milhões destinados a projetos através da pesquisa, ensino, extensão, desenvolvimento institucional e científico.

“A Finatec ao longo dos anos tem cumprido sua missão. A Fundação surgiu com essa motivação, exatamente, que a gente possibilitasse que o professor fizesse o que ele faz de melhor, que é pesquisar”, ressalta seu idealizador, professor Manoel Antônio, do Departamento de Tecnologia da UnB. Ele lembra
que a Fundação nasceu em 1992 em pleno cenário de crise econômica e política do País. “Nesse período captar recursos para as universidades públicas era uma missão quase impossível”, observa.


A História da Finatec tem início a partir do sonho, e da vontade empreendedora de Manoel Antônio. O professor participava de um Congresso acadêmico em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde foi expor trabalho, e na ocasião, no intervalo do encontro, conheceu a Fundatec – Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciência, da capital gaúcha.


A Fundatec, fundação de direito privado e sem fins lucrativos, foi criada pelos gaúchos com o propósito de desenvolver serviços nas áreas de ensino profissional – técnicos e aperfeiçoamentos, agente de interação de estágios, projetos, consultorias e outros serviços. Estava plantada a semente da Finatec.

“É o que precisávamos para a UnB. Está aí a solução para executar nossos projetos”, conta Manoel Antônio.

Enfim, criada a Finatec

Ao enfrentar todas as adversidades e com muita determinação e trabalho, um grupo de professores da UnB, inicia em Brasília, na Promotoria de Fundações do Ministério Público do Distrito Federal, os primeiros passos para criação de Finatec. Empolgados com a ideia, os professores liderados por Antonio Manoel, um total de onze, concretizam o sonho em 1992, e formalizam definitivamente a criação da Finatec.

Seminário tem início com debate enfocando a questão digital e sua influência na política do País

Professor da Unifesp, autor do livro Colonialismo Digital, critica a desigualdade no acesso à tecnologia digital

Em um auditório praticamente lotado, o Professor Deivison Faustino, da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), autor do livro Colonialismo Digital, foi o destaque do primeiro dia de debates do VII Seminário de Política Social do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília (UnB). Com o tema Colonialismo Digital (título de seu livro) o debate, polêmico e atual, levantou a questão sobre influência da tecnologia digital, sua utilização e seu impacto na sociedade. O encontro que teve início nesta quarta-feira, dia 03, prossegue até sexta-feira, dia 05.

O professor garante que há uma desigualdade mundial enorme, não só no acesso à tecnologia, mas na capacidade produtiva tecnológica, que segundo ele, está concentrada nas mãos de poucas empresas que dominam a cadeia produtiva digital localizada, principalmente, na China e nos Estados Unidos. “Essa concentração, não só dá vantagem econômica para esses países, mas intensifica a desigualdade entre países” critica.

Qual o Impacto dessa Concentração de Poder Para a Democracia? Este tema essencialmente político, foi outro ponto abordado pelo professor paulista. Conforme ele, vários estudos mostram que é possível manipular processo eleitoral a partir das redes sociais. “É possível se criar nichos e perfis de usuários para se direcionar propaganda que vai ter maior poder de persuasão para determinado candidato em detrimento de outros”, garante ao defender a regulamentação para a área digital do País. “A tecnologia é boa, traz novas possibilidades, mas dependendo de como ela for empregada, pode gerar mais desigualdade”, argumenta.

A novidade deste Seminário foi a presença da professora americana, Jodi Dean, do Departamento de Ciência Política da Hobart e William Smith Colleges, no estado de Nova Iorque. Dean é mestra e doutora em Ciência Política pela Columbia University, autora de vários livros de víeis político-social, que trouxe para o debate vivência pessoal e novos conhecimentos. Ela proferiu a palestra com o tema Tornando-se Neofeudal Senhores e Servos na Mansão Social com tradução instantânea do inglês para o português.

A professora Sílvia Yannoulas, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da UnB, presidiu a mesa de abertura dos trabalhos, dando boas-vindas aos palestrantes, professores, estudantes e convidados. Ela teceu elogios ao trabalho de excelência feito pelos organizadores dos seminários, desde o primeiro ao sétimo encontro, e destacou a importância da participação de instituições federais de ensino, convidados e autores de trabalhos científicos.

Compuseram a mesa, diretores do Instituto de Ciências Humanas (ICH), do Departamento de Serviço Social (SER), representantes do Decanato de Pós-Graduação e de Extensão da UnB. A professora Patrícia Pinheiro lembrou que “é sempre um desafio manter esse seminário”.  A professora Pérola Oliveira destacou a importância de se colocar para sociedade as questões políticas e sociais existentes no País. Já a Professora Neuma Rodrigues lembrou o desafio enfrentado para se organizar um seminário desta magnitude em meio as recentes greves ocorridas na universidade.

Encontro debate política social, capitalismo, democracia, avanço da direita no Brasil e no mundo

O VII Seminário Internacional de Política Social será realizado de quarta a sexta-feira desta semana no auditório da Finatec

Professores de nível superior, docentes de cursos de graduação e pós-graduação, educadores com mestrado e doutorado, além de estudantes orientados por seus docentes, participam do VII Seminário Internacional de Política Social promovido esta semana, de quarta a sexta-feira, 03 a 05 de julho, no auditório da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), no Campus Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília. O Encontro foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS) da UnB. 

O VII Seminário, que deveria ter sido realizado em 2020 e foi suspenso em decorrência da pandemia de COVID-19, trata dos “Desafios para a Política Social e a Democracia no Capitalismo Tardio: tecnologia, corporações, desinformação e o avanço da direita”. 

De acordo com a coordenadora, professora Sílvia Cristina Yannoulas, ao longo de três dias serão debatidos os dilemas da política social em meio a transformações estruturais e históricas que interpelam a democracia como processo e valor universal. “O seminário visa compreender as dinâmicas contraditórias que desafiam a democracia e exigem dela maior radicalidade. O tema será abordado a partir de três eixos primordiais” adianta ela.

A professora explica que o primeiro tema faz uma reflexão crítica sobre o significado e os potenciais das políticas sociais no capitalismo atual, caracterizado pelo avanço da direita e da extrema direita no Brasil e no mundo. O segundo eixo busca compreender os desafios e as estratégias de luta frente ao colonialismo digital, às novas formas de exploração do trabalho e de gestão social. 

A coordenadora conclui que o terceiro eixo ressalta a perda da soberania política de Estados e o aumento do domínio do mercado e das corporações, gerando o consequente esvaziamento do poder popular no processo de tomada de decisões políticas e econômicas.

Seminários anteriores

Em 2002, por ocasião da inauguração do doutorado, o Programa de Pós-graduação de Política Social organizou o I Seminário Internacional intitulado “Novos Paradigmas da Política Social”. Em 2004 e 2006 foram realizados, respectivamente, o II e o III Seminários com os seguintes temas: “Política Social: Alternativas ao Neoliberalismo” e “Política Social, Justiça e Direitos de Cidadania na América Latina”. 

O IV Seminário Internacional ocorreu em 2009 com o tema “Política Social, Trabalho e Democracia em Questão”. A quinta edição do Seminário Internacional ocorreu em 2012, com o tema “Desafios da Política Social na Contemporaneidade”. Com essa edição o formato do seminário foi alterado, pois passou a contar com a apresentação de comunicações científicas, além das mesas redondas e os minicursos. 

O VI Seminário Internacional de Política Social, com o tema “Que Política Social para Qual Emancipação?” aconteceu em 2017. Importante ressaltar que em todas as edições dos seminários, o PPGPS contou com o imprescindível apoio financeiro da CAPES e do CNPq, e com patrocínio e colaboração da UnB através do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e Departamento de Serviço Social. Esses apoios permitiram a participação integralmente gratuita. 

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