Veículo movido por eletroestimulação resgata os movimentos dos músculos das pernas paralisadas
Pesquisadores da Universidade de Brasília, da Faculdade de Ciências e Saúde, Campus de Ceilândia, resgatam a esperança de pessoas, com os músculos das pernas paralisadas, de voltarem a pedalar com suas próprias pernas. O Projeto de inovação tecnológica, inspirado na interação corpo-máquina, desenvolvido pela UnB, visa através de eletroestimulação devolver mobilidade e transporte aos portadores de deficiência, especialmente, pessoas com paraplegia ou tetraplegia.
O protótipo da tricicleta (bicicleta de três rodas) já existe, mas a ideia da equipe de pesquisadores, é ter inicialmente dez veículos regularizados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).O estudo mecânico do Projeto toma como base o triciclo no qual os técnicos da Universidade avaliam a melhor geometria do veículo – Como deve ser configurado seu assento e tudo mais para acomodar com o máximo de conforto o portador de deficiência.

Já a parte eletrônica, é basicamente o eletroestimulador, que fica acoplado ao veículo e que conecta por meio de eletrodos aos músculos das pernas da pessoa com deficiência. Existe toda uma tecnologia robótica por trás desse automatismo para fazer o paciente pedalar. O coordenador do Projeto, professor Emerson Fachin Martins, adianta que também é possível usar o mecanismo em idoso com fragilidade muscular. “Uma vez o produto pronto, a gente consegue visualizar a aplicação dessa tecnologia para outros públicos” assegura.
Segundo Fachin, o principal objetivo do Projeto é amadurecer essa tecnologia conhecida por Ciclismo Assistido por Eletroestimulação. “O mundo inteiro desenvolve essa tecnologia, inclusive existe uma competição com esse tipo de triciclo”, lembra. Ele adianta que a proposta desse trabalho é, primeiro, desenvolver um dispositivo totalmente brasileiro e com tecnologia utilizada pela equipe da Universidade, diferente de outros grupos, que usam estimuladores comerciais.

Além do Distrito Federal e de Minas Gerais, o trabalho beneficia portadores com deficiência nos Estados do Ceará, Santa Catarina, São Paulo, onde a UnB já desenvolve trabalhos em parceira, respectivamente, com a Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade de Santa Catarina (Udesc), em Joinville, e Universidade de São Paulo (USP). De acordo com o professor Fachin a meta é fazer com que o trabalho se consolide nacionalmente.
A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) apoia o projeto na gestão e execução dos recursos financeiros liberados Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) via CNPq. “O Projeto tem previsão para ser concluído em agosto de 2025. É bastante complexo, envolve muito tempo e profissionais de diversas áreas, como pessoal da saúde, engenheiros, cientistas, analistas da computação, profissionais da Tecnologia da Informação (TI), entre ouros”, conclui Fachin.