Implementação de Acessórios para Ventilação Múltipla
Com mais de um ano de pandemia, podemos dizer que estamos vivendo um momento singular, no qual medidas extremas dão o tom da emergência: você sabia que em alguns hospitais da Itália e de Nova York pacientes dividiram ventiladores? A falta do equipamento levou equipes médicas à decisão, que inspirou um grupo de professores da UnB a estudar o quão viável é, de fato, a prática.
A proposta do projeto “Implementação de acessório para ventilação múltipla”, da UnB Gama-Ceilândia-Darcy, é avaliar a aplicação de um respirador comercial em dois pacientes ao mesmo tempo. Apoiado pela Finatec e pela FAP-DF, o projeto tem previsão de conclusão em julho de 2021.
“Em virtude desse cenário terrível, surgiram possibilidades. Uma delas era duplicar a capacidade de ventilação – não do aparelho em si, mas do circuito de ventilação. Aumentaria a capacidade de um único aparelho, podendo atender dois indivíduos”, explica o professor Marcelino de Andrade, docente da Engenharia Eletrônica na UnB Gama.
Conectar duas pessoas no mesmo respirador, no entanto, não é uma tarefa tão simples quanto pode parecer. O equipamento se adequa à necessidade e condições do paciente, e pode ser usado em pessoas com diferentes graus de deficiência respiratória: os ventiladores usados hoje detectam como o paciente está e vão se ajustando. Se ligado a duas pessoas, uma vai ser o paciente ‘piloto’ e o outro, o ‘passageiro’. Ou seja, o equipamento vai fazer o que o ‘piloto’ precisar.
“Isso pode ser um problema porque se o ‘piloto’ entrar em apnéia, por exemplo, o ‘passageiro’ também perde o ar. Além disso, temos problemas como a possibilidade de contaminação cruzada, e pode ser muito difícil separar pacientes na hora de intubar e extubar. Tirar alguém da intubação não é tão simples, depende muito de cada pessoa”, enumera o professor Luiz Rocaratti, do departamento de Física Experimental da UnB Darcy.
A pesquisa busca, a princípio, entender se um respirador com circuito duplo é possível e seguro, na tentativa de criar um modelo viável. Para isso, a equipe conta não só com engenheiros, como o professor Marcelino e o professor José Felício da Silva, da Engenharia Eletrônica da UnB Gama, mas também com o professor Luiz, da Física, e com o professor Sérgio Mateus, da Fisioterapia da UnB Ceilândia.
“A curto e médio prazo, a pesquisa traz o benefício da informação: é saber o que pode ser feito, o que é certo, cientificamente comprovado. Às vezes, as pessoas veem as coisas na internet e acham que algo assim pode ser mais fácil do que de fato é. Em uma UTI, em um hospital, todo cuidado é pouco”, pondera o professor Luiz.
Para o professor Felício, a pesquisa pode resultar em um impacto enorme na atenção hospitalar em tempos de Covid-19 e além. “É um ganho imenso para a sociedade, até no longo prazo. Imagine ter um sistema desse em hospitais que atendem locais afastados, onde o número de ventiladores era reduzido antes da pandemia. Eu vejo muito futuro. Vamos trazer respostas melhores, com sustentação científica, para essas hipóteses”, planeja.
Coordenador: Prof. Marcelino Andrade
Recurso: R$17.700,00
Envolvidos: FAPDF, Finatec, UnB
Assinatura: 08/06/2020
Data fim (previsão): 06/07/2021