Finatec sedia evento voltado à cooperação científica entre Brasil e União Europeia
Publicada em 19 de dezembro de 2019
Um dia dedicado ao intercâmbio de experiências entre potências internacionais. O evento “Cooperação em Pesquisa & Inovação União Europeia – Brasil” foi realizado na última terça-feira (10), no auditório da Finatec. O seminário é uma realização da Confap, Euraxess Brazil, Delegação Europeia no Brasil e European Network of Research and Innovation Centres and Hubs (Enrich Brazil), cujo objetivo é encorajar e facilitar o suporte em ciência, tecnologia e empreendedorismo entre os países.
A programação contou com palestras sobre políticas de fomento à pesquisa e inovação entre os países envolvidos. Um dos pontos centrais foi a apresentação do programa Horizonte 2020 e as expectativas para o novo Horizonte Europa. A etapa final do EU-Brazil Innovation Pitch – competição destinada a apresentar projetos inovadores e de impacto social – também ocorreu durante o evento. O primeiro colocado ganhou uma viagem à Europa para participar de eventos de inovação e se reunir com pesquisadores internacionais.
Horizonte 2020
A União Europeia mantém uma duradoura relação econômica, comercial e de investimento com os países membros do Mercosul, em especial o Brasil. Para se ter uma ideia, o país detém cerca de 48% de todo o estoque de investimento na América Latina, como explicou o embaixador chefe da delegação da UE no país, Ignacio Ybáñez, durante o evento. Nota-se, em consequência, a importância do diálogo, do comércio e do investimento técnico e científico para garantir a “inovação nos dois lados do Atlântico”.
Nesse contexto, o Horizonte 2020 – maior programa de investigação científica e inovação da UE – já obteve resultados promissores para a Europa e outros países. O objetivo é estimular a excelência científica, conduzindo a descobertas, avanços e lançamentos mundiais. Através do financiamento de estudos produzidos em todo o mundo, várias ideias puderam sair dos laboratórios para irem ao mercado.
“A UE é o maior investidor estrangeiro no Brasil, desse modo, o dinheiro que entra no país proveniente de pesquisa, avanços tecnológicos e ciência é maior que o investimento feito na China e na Índia juntos”, comentou Ybáñes. E concluiu: “O acordo – Horizonte 2020 – facilitará a transferência de know how e de tecnologias para o Brasil, resultando na melhoria de produtividade das empresas, bem como no desenvolvimento internacional de pesquisas benéficas para a população”.
Como já se pressupõe, o programa que oferece suporte à inovação e investigação está previsto para finalizar em 2020. Felizmente, o Horizonte Europa dará continuidade à empreitada para reforçar os setores científicos e tecnológicos da União Europeia e os países parceiros, dentre eles, o Brasil, em especial. O programa-quadro de investigação e inovação tem previsão de ocorrer de 2021 a 2027.
Innovation Pitch
No intuito de empoderar e enaltecer a produção científica no Brasil, o concurso EU-Brazil Innovation Pitch ofereceu a pesquisadores a oportunidade de apresentarem os trabalhos para solucionar problemas decorrentes da globalização. Cinco pesquisadoras de todo o país foram selecionadas para disputar a final do prêmio: uma viagem à Europa para participar de uma semana de reuniões com pesquisadores e instituições acadêmicas, além de eventos de inovação.
Os projetos finalistas trouxeram soluções para várias as temáticas de impacto social e ambiental, como violência contra a mulher, produção de água potável para todos, tratamento com o uso de nanotecnologias para a dor crônica na artrite, produção de bioenergia por meio da descarbonização e transformação do lixo e, por fim, produção de embalagens verdes para substituir o plástico.
“São trabalhos que possuem mérito científico e tecnológico, fora o impacto positivo na vida das pessoas”, comentou Mario Neto Borges, especialista brasileiro em diálogos setoriais entre UE-Brasil. O pesquisador frisou que todos os trabalhos são vencedores e devem ser levados adiante e, por isso, a formalização do prêmio se deu considerando o trabalho que mais se identifica com os objetivos do Innovation Pitch.
A vencedora foi a pesquisadora Beatriz Gasparini Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O projeto “Inovando para garantir água de qualidade para todos” trouxe soluções para garantir o consumo universal de água potável por meio do uso de tecnologias de baixo custo. Muito animada com a vitória, a pesquisadora afirmou ser um passo importante para tirar o projeto da escala piloto e desenvolver a tecnologia universalmente.
“Eu quero ir a Europa preparada para apresentar pesquisas brasileiras e mostrar a qualidade dos nossos estudos. É importante também para estabelecer contatos e trazer coisas novas, como mais parcerias e possibilidades de desenvolvimento”, afirmou Reis.
O Secretário de Pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC), Marcelo Morales, enalteceu a força feminina na final do concurso. “Eu fico bastante orgulhoso de ver trabalhos de tão alto nível desenvolvido por cinco pesquisadoras. É muito importante mostrar o potencial das mulheres pesquisadoras no país, que são muito competentes e dedicadas nas áreas de ciência e tecnologia”, comentou.
O embaixador chefe da delegação da UE no país ressaltou que todos os projetos são de alta prioridade na União Europeia e do Brasil, dessa forma, é essencial que todas continuem desenvolvendo as pesquisas no intuito de trazer resultados positivos à sociedade.
Universidades Brasileiras
A programação também contou com um momento de exaltar as instituições que desenvolvem pesquisas científicas nacionais, dentre elas a Universidade de Brasília (UnB), considerada a 5ª universidade federal com maior desempenho acadêmico do Brasil. A decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emilia Walter, apresentou alguns números e conquistas.
No âmbito científico, a UnB possui mais de 6.500 projetos de pesquisa em vigência, muitos em cooperação internacional. Desse total, 32% são financiados por agências de fomento nacionais e internacionais, bem como órgãos públicos e empresas. “Trabalhamos bastante, assim como as outras universidades do país, para transferir um conhecimento de qualidade aos nossos alunos, para que eles sejam transformados em ação”, observou Walter.
A decana ressaltou, principalmente, a importância da cooperação internacional para obter resultados satisfatórios. “A UnB tem envidado esforços no sentido de consolidar a inovação no seu ambiente”, ressaltou.
Da mesma forma, Fabio Guedes, vice-persidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), salientou a importância da parceria com a União Europeia para alcançar resultados mais produtivos. “É importante internacionalizar a pesquisa? É. Nós estamos na 13ª posição mundial com cerca de 60 mil artigos publicados por ano. Nossa participação no mercado científico mundial cresceu bastante”, comentou.
O evento “Cooperação em Pesquisa & Inovação União Europeia – Brasil” cumpriu com satisfação o objetivo de facilitar a assistência em ciência, tecnologia e empreendedorismo entre as potências envolvidas. Além de importantes instituições nacionais, o ciclo de palestras contou com representantes técnico-científicos internacionais, bem como a presença de autoridades.
Também estavam presentes no evento o coordenador da Enrich Brazil, Johanna Haunschild; o secretário de empreendedorismo e inovação do MCTIC, Paulo de Carvalho; o diretor do departamento de promoção tecnológica do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Achilles Zaluar; o diretor de ciência e inovação da embaixada da Suécia; a vice-presidente da FAP-DF, Elizabete Lopes; o presidente da FAPESC, Fabio Holthausen.