Finatec recebe alunos especiais da Rede Pública no projeto “ENEM + Inclusivo e Especial”
Publicada em 18 de setembro de 2019
A iniciativa é fruto de um projeto maior que trata da empregabilidade de jovens com necessidades especiais e transtornos de aprendizagem.
A fundação abriu as suas portas no sábado (14/09) para receber um grupo de alunos mais que especiais. Acompanhados de familiares e professores, estudantes da educação inclusiva da rede pública do DF, estiveram presentes na sede da Finatec para a aula inaugural do projeto “Enem +inclusivo e Especial”, da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (SUBIN).
A aula inaugural aconteceu no anfiteatro da Finatec e contou com a participação do professor Kléber Carvalho, do Centro Educacional (CED) 06 de Ceilândia, mais conhecido com Kléber Caverna. Ao som da trilha sonora do filme Star Wars, ele fez uma entrada inusitada e levou o conteúdo de uma forma lúdica.
Num primeiro momento foram abertas 50 vagas para alunos que estudam nas escolas das regionais Guará, Plano Piloto, Paranoá, São Sebastião e Núcleo bandeirante. Para essas regionais, foram contemplados estudantes com deficiências múltiplas, síndrome de down, deficiência intelectual, física, visual ou auditiva e espectro autistas.
Parceria com a Finatec
A Finatec é parceira dessa iniciativa e será o espaço para que esse projeto se frutifique. No total serão oito encontros aos sábados, inclusive nos feriados de finados e dia das crianças. A cessão do espaço da Fundação, para a iniciativa, é um grande investimento social de acordo com o Diretor Presidente da Fundação, professor Armando Caldeira-Pires. “No instante em que a Finatec participa disso podemos pensar que ela está fazendo o seu papel de contribuir com a sociedade. Fazemos isso em caráter de doação do seu espaço para que esse tipo de iniciativa ocorra, mas ao mesmo tempo, também estamos atentos o nosso papel, porque daqui há cinco anos, essas pessoas poderão ser os nossos clientes ou vão ter preparado melhor a sociedade para receberem a nossa atuação. É um investimento que sem dúvida fazemos nelas, mas é um investimento que também fazemos pela sociedade em que estamos ligados e representamos. – pontua o Diretor Presidente da Finatec.
Para Vera Barros, Subsecretária da SUBIN, essa parceria é sinônimo de empoderamento dos alunos. “Precisava de instalações bonitas, amplas, para motivar os meus meninos e minhas meninas especiais. Daí conseguimos esse espaço dentro da Universidade de Brasília com o nosso grande parceiro, a Finatec, na figura especial do Professor Armando Caldeira-Pires.” – comemora a Subsecretária.
Como funciona o “Enem + inclusivo e Especial”?
A SUBIN oferecerá um curso na modalidade pré-vestibular para os estudantes do Ensino Especial da Rede Pública como forma de minimizar as desigualdades entre os estudantes com a ajuda de professores voluntários. “O tempo era muito curto. Então, tínhamos duas alternativas, fazer alguma coisa ou não fazer nada. Apesar de começar com um número reduzido de alunos, esse projeto piloto nos dará experiência para que em março do ano que vem estejamos em todas as escolas da rede. Vamos trabalhar com as famílias e com os estudantes ajudando a fazer as inscrições e oferecendo todo o suporte necessário, porque nossos estudantes especiais são extremamente talentosos e grandes vencedores! – comemora a subsecretária da SUBIN.
O curso preparatório, além de oferecer o conteúdo exigido pela avaliação, também irá preparar os estudantes para a forma de preencher o exame. Entender o estilo da prova, os meios de inscrição ou horário de chegada nos locais do exame, também fazem parte do processo e são tão importantes quanto todo o conteúdo cobrado. O professor Bruno Borges da Escola de Formação de Professores (EAP) falou sobre a estrutura da prova e como funciona o ENEM. “Durante uma hora eu compartilhei como é feito o cálculo da nota, o que é a TRI (Teoria de Resposta ao Item – mecanismo que fundamenta a avaliação) e como eles podem, ao assimilar essa estrutura da prova, ter um desempenho melhor nos dois domingos para os quais eles estão se preparando. – relata o professor.
De acordo com Deborah Lomba, professora especialista em educação inclusiva e especial e assessora da Subsecretária, a SUBIN também oferecerá, no ano que vem, suporte aos alunos com altas habilidades. “Como se trata de um projeto piloto e os professores são todos voluntários, resolvemos focar nos alunos com necessidades, já que eles precisam de uma ação mais ampliada, inclusive nos materiais de apoio. Esses voluntários tiveram que se adequar e se inteirar sobre os transtornos e deficiências presentes nos nossos alunos. Tivemos também outros voluntários de apoio que estão aqui porque alguns alunos precisam receber o lanche na boca ou levar ao banheiro. Ofereceremos todo esse suporte para que ele vá em frente. Às vezes se trata apenas de uma limitação física, mas todo o cognitivo desse jovem está preservado. – reflete a assessora Deborah Lomba.
A construção de um material pedagógico acessível também foi contemplada no projeto. “Muitos não pegam a fala do professor junto com os demais e sem o material de apoio esse aluno pode ficar desmotivado, sem sentir que são parte do todo. No caso visual, tratamos a ampliação da fonte do material e fizemos o suporte em braile. A tradução em libras, para alunos surdos. Não adianta trazê-los sem dar essa acessibilidade. Sabemos que o tempo é curto, mas a gente quis mostrar para eles que é possível, que eles podem chegar lá, a exemplo de outros alunos que também possuem necessidades especiais, que se formaram, e hoje, são grandes exemplos para eles. – argumenta Vania Martins, assessora da SUBIN.
Futuros profissionais
O sorriso nos lábios e a alegria no olhar de cada jovem era latente. A vontade de ser um profissional e a possibilidade de realizar o ENEM de forma amparada, fizeram a diferença. Como toda jovem de sua idade, a aluna Alessandra Pereira dos Santos ainda está em dúvidas sobre qual carreira escolher. “Jornalismo, Artes Cênicas ou informática são as áreas que eu mais gosto, mas eu já estou pesquisando para me decidir também”. conta a estudante.
Denise, sua mãe, ficou muito emocionada com a iniciativa. “Eu fiquei feliz quando eu soube que iria ter esse programa, porque para a gente correr atrás é muito mais difícil. Eu pensei assim: Terminou o terceiro e agora? Como vou inscrever ela no ENEM, o que eu tenho que fazer. Veio na hora certinha.” – comemora a mãe de Alessandra.
Josivaldo dos Santos, contudo, já sabia o que queria cursar na universidade e logo respondeu: “Eu quero o curso de Ciências da Computação porque eu gosto muito de informática e de mexer com o computador.” – pontua o estudante.
Medalhista e atleta paraolímpico de natação desde os 12 anos, Gabriel Alves Barradas, quer cursar educação física por conta da sua afinidade com os esportes. “Com o curso de educação física eu vou direcionar para a natação mas posso entrar na arbitragem também”. observa o candidato do ENEM. A educação física parece ser um curso concorrido entre eles e também é o sonho do Hiago Mesquita Rocha da Silva e do Matheus Costa de Jesus.
Já Leandro Alves da Silva, quer cursar medicina veterinária e diz que é um sonho de infância. “Eu sempre tive animais domésticos para cuidar, então me apaixonei por essa área e quero realizar esse sonho. Eu sinto muito amor pelos animais e fico triste quando vejo alguns na rua, com patas inflamadas ou doenças. Quero me formar para poder ajudá-los.” – finaliza o futuro veterinário.