UnB – Campus Planaltina desenvolve projeto de autonomia financeira para mulheres trabalhadoras rurais
Além de fortalecer as organizações produtivas, mulheres da Marcha das Margaridas conquistam oportunidades de negócios
O Projeto Organização Produtiva e Autonomia Econômica das Mulheres Rurais: Um Diálogo com as Margaridas desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB) – Faculdade Planaltina, com apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) contribui para promoção econômica das mulheres inseridas no contexto da Marcha das Margaridas – Movimento que reúne trabalhadoras rurais de todo território nacional.
Conforme a coordenadora do projeto, professora Eliene Novaes Rocha, da UnB/FUP, o trabalho tem entre outras prioridades sensibilizar e orientar as participantes sobre o papel das políticas públicas para a inclusão produtiva, o aproveitamento de oportunidades de negócios e o fortalecimento das organizações produtivas e econômicas das mulheres do campo, das águas e das florestas.
A coordenadora explica que entre as ações desenvolvidas destacam-se o planejamento logístico e operacional para exposição dos produtos trazidos peças mulheres do Brasil inteiro; Execução da mostra das margaridas durante a 7ª Marcha das Margaridas realizada em Brasília durante os dias 15 e 16 de agosto do ano passado; Oficina sobre políticas públicas para a estruturação produtiva (fomento, crédito e assistência técnica) e a Oficina de troca de experiência com mulheres da Reunião Especializada da Agricultura Familiar (REAF) e do Brasil.
Nas oficinas que ocorreram durante o projeto, as mulheres discutiram sobre agroecologia, quintais produtivos e economia criativa proporcionando um novo olhar para os seus quintais e também refletiram sobre feiras em suas comunidades. Além disso, as margaridas conseguiram dialogar com o governo o qual publicou um edital para fomento de quintais produtivos.
O MDA fez o termo de execução descentralizada com a UnB no valor de R$ 470.000,00 (quatrocentos e setenta mil) para viabilizar ações de extensão com As Margaridas proporcionando uma formação na perspectiva emancipatória e interdisciplinar juntando teoria e pratica. A Fundação de Empreendimentos Técnicos (Finatec), foi responsável pelo gerenciamento dos recursos durante a execução do projeto.
A coordenadora ressalta o importante trabalho da UnB, pois segundo ela, a Instituição de ensino tem como missão ser uma Universidade inovadora e inclusiva, comprometida com as finalidades essenciais de ensino, pesquisa e extensão, integradas para a formação de cidadãs e cidadãos éticos e qualificados para o exercício profissional e empenhados na busca de soluções democráticas para questões nacionais e internacionais, por meio de atuação de excelência. E completa: “A Faculdade UnB Planaltina tem a formação em perspectiva emancipatória, a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, o diálogo com a sociedade, o incentivo ao trabalho coletivo e a sustentabilidade, que dialoga com as Margaridas”.
Marcha das Margaridas
O termo As Margaridas refere-se as mulheres que pertencem aos mais diversos territórios do campo, floresta e água. “São locais que abrigam as riquezas dos diferentes biomas e de onde se constrói a resistências contra qualquer projeto político de desenvolvimento que explore e esgote os bens naturais, os trabalhos da agricultura familiar, vidas e corpos de todas as mulheres” descreve Eliene ao emendar: “Coletivamente as margaridas se organizam e vão para as ruas em marcha para reivindicar e lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais”.
A Marcha das Margaridas reafirma a agroecologia como movimento político em defesa do desenvolvimento sustentável, de resistência contra a ocupação dos territórios pelo agronegócio, pelas mineradoras e grandes projetos, de denúncia da destruição e dos males desse modelo social capitalista, patriarcal, racista e ambientalmente criminoso. “Sob a ótica das mulheres do campo, da floresta e das águas, a agroecologia, para além de uma prática, é um modo de viver e exercitar de forma sustentável a agricultura, a diversidade e a soberania das culturas, onde a agricultura familiar tem um papel fundamental”, conclui Eliene.