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Finatec inicia o ano no azul

Mesmo nesse cenário incerto de pandemia, fundação consegue bater meta de cortar gastos e aumentar execução de projetos: em 2021 conseguiu utilizar quase 80% da verba orçada, que foi da ordem de R$ 126 milhões, superando o ano anterior, que, dos R$ 172 milhões, foram gastos com as pesquisas apenas R$ 70 milhões

O ano de 2022 também não será fácil para a economia brasileira. E não é preciso recorrer aos astros para prever isso, como muitas pessoas fazem em início e término de ciclos. Além de estarmos sob o fantasma de uma pandemia, que vive a nos assustar com a iminência de um novo lockdown por causa da sua nova variante Ômicron, ainda haverá eleições majoritárias, uma delas para presidente da República. Com isso, aqueles setores que dependem de verba da máquina pública para sobreviver vão sentir mais, uma vez que o período de execuções orçamentárias será curto.

Apesar de ter em sua carteira de parceiros financiadores dos projetos ministérios, autarquias e outros órgãos que compõem os governos federal e local, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) fez o chamado dever de casa e conseguiu se preparar para esse período difícil. Por isso, a entidade vai passar ao largo dessa crise, caso venha de fato.

A previsão é do presidente da Finatec, Augusto Brasil, que, numa espécie de balanço anual, abriu com transparências a contabilidade da fundação para dar a boa notícia. “Muitos projetos geridos pela Finatec são financiados por meio de TED (Termo de Execução Descentralizada). Então, o orçamento dos ministérios é deslocado para estudos e pesquisas dentro da Universidade de Brasília (UnB). Por ser um ano eleitoral, haverá problemas orçamentários para o governo, que terá período curto em termo de execução orçamentária. Então, todo trabalho que a gente fez em 2021, foi tentar captar ao máximo possível de recurso para equilibrar o orçamento de 2022. E conseguimos deixar essa gordurinha para este ano”, revelou Brasil.

Por estar conectado de forma financeira e orçamentária ao ano anterior, o balanço de 2021 é na verdade referente ao biênio 2020/2021. Uma das importantes metas tomadas pela gestão de Brasil, que também é professor, foi o corte de despesa. Mas sem impactar no apoio e execução dos projetos. A medida foi um dos importantes braços para equilibrar 2022. “Tentando cortar gordura e, ao mesmo tempo, executando cada vez mais os recursos destinados para os projetos”, explica ele.

Aliás, esse foi outro fator importante nesse cenário de retomada do equilíbrio financeiro da Finatec: o aumento do uso de recursos destinados aos projetos. Em 2021, a fundação conseguiu utilizar quase 80% da verba orçada para aquele ano, que foi da ordem de R$ 126 milhões, superando o ano anterior, que, dos R$ 172 milhões, foram gastos com as pesquisas apenas R$ 70 milhões.  

“Em 2020, tínhamos de recursos a serem geridos, R$ 172 milhões – recursos que estão na Finatec para serem executados em dois ou três anos de projeto. A gente executou R$ 70 milhões em 2020. Em 2021, a gente passou a ter R$ 126 milhões. Só que a gente executou muito mais: R$ 103 milhões”, comemora o presidente.

O total de projetos desenvolvidos pela Finatec nesse período é impressionante: cerca de 600 pesquisas financiadas pelos chamados parceiros financiadores. Em 2020 eram 295 projetos. Já no ano seguinte, não só manteve a notável quantidade de projetos como subiu para 309.  “Esse foi o nosso trabalho: o de materializar esses recursos que estão disponíveis, aumentando a nossa eficiência nessa execução orçamentária para poder equilibrar mais ainda as contas”, ressalta Augusto Brasil.  

Pandemia

Ao longo dos anos, a Finatec precisou se renovar. A fundação deixou de ser a apenas gestora e passou a captar recursos e encontrar o pesquisador dentro da faculdade, para ampliar o seu papel fundamental que é o apoio à universidade.

Essa nova vertente da fundação foi base para enfrentar anos difíceis como esses inseridos em tempos de pandemia de Covid-19. Apesar de o balanço de 2018, 2019 e 2020se apresentar no vermelho, em 2021, houve uma melhora significativa. “Em 2019 a gente estava caminhando para um bom equilíbrio em 2020 e 2021, mas veio a pandemia. Fomos fortemente impactados pela pandemia”, avalia Brasil. 

Embora a pandemia tenha provocado impacto negativo em boa parte das instituições brasileiras – e com a Finatec não foi diferente -, tendo diminuído os investimentos em ciência, tecnologia e inovação, áreas afins da fundação, a Finatec conseguiu captar dois projetos mesmo em meio a esse cenário ruim.

Um deles ligado diretamente à pandemia, que foi o convênio com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal – FAPDF, denominado de “O Distrito Federal no combate à Covid-19”, que teve um aporte de R$ 30 milhões.  Junto à UnB, a Finatec passou a apoiar projetos de professores voltados a fomentar estudos, pesquisas e ferramentas que pudessem amenizar e combater a pandemia, como compartilhamento de respiradores em hospitais, máscaras especiais e até a manipulação de proteínas em seres vivos capazes de abater o novo Coronavírus, o transmissor da Covid-19.

“Curioso é que, se por um lado a gente perdeu em investimento como todo, mas também ganhou de um lado que não existia. Esse projeto é importante porque a própria FAP-DF teve interesse em financiar e apoiar projetos em função da Covid-19. Nele, a Finatec cumpre o seu papel, que é o de apoiar e captar recursos para investimento em ciência e tecnologia para UnB”, disse o presidente.

As pesquisas apoiadas pela Finatec, que está vinculada à Universidade de Brasília (UnB), são vastas e estão por toda parte. Desde tecnológicas até a área da construção civil, de petróleo e meio ambiente. Como é o caso do projeto Conexão Mata Atlântica, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O convênio foi prorrogado também em meio aos anos de pandemia: no biênio 2020/2021. Considerado um sucesso, ele consiste em financiar e capacitar agentes de proteção e recomposição à floresta. “Ele financia a pessoa que está lá na terra protegendo a floresta ou recompondo a floresta. Agentes de proteção e recuperação dessa terra. Nós temos muito carinho por esse projeto. Pelo seu significado. Estamos tentando expandir essa mesma metodologia para outros biomas”, antecipa Brasil.

Esses contratos firmados não só atendem aos órgãos financiadores dos projetos de interesse, mas também capacita e a ajuda na formação de universitários para o mercado de trabalho. No biênio 2020/2021, a Finatec pagou, com recurso de projetos, aproximadamente 1,6 mil bolsas de pesquisas a estudantes e contratou 263 estagiários, somando os dois períodos.

“São momentos difíceis. Quando o país deposita os recursos para a tecnologia, essas entidades, como fundações, universidades, pesquisadores, correspondem com ciência e tecnologia, dando soluções muito boas para o país”, conclui Augusto Brasil.

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